Trump condiciona apoio à Argentina à vitória de Milei
Presidente dos EUA disse que será “menos generoso” se aliado da ultradireita perder eleições e elogiou o líder argentino em visita à Casa Branca
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu nesta terça-feira (14) na Casa Branca seu colega de extrema direita, o presidente da Argentina, Javier Milei, em um encontro marcado por uma nova demonstração de apoio de Washington ao governo argentino.
“Se Milei perder, não seremos generosos com a Argentina. Não ficaremos próximos da Argentina por muito tempo. Se a Argentina se sair bem, ficaremos bem, porque teremos ajudado a Argentina. O sucesso da Argentina nos beneficia”, disse o presidente republicano, segundo noticiou o canal argentino C5N.
Trump afirmou seu total apoio ao governo argentino, embora o tenha condicionado explicitamente à vitória de Milei nas próximas eleições.
“É uma eleição muito importante. Ele fez um ótimo trabalho. Eles sofreram muito, mas a vitória é muito importante. Quando você precisa fazer um investimento, se alguém vence e tem uma filosofia econômica diferente, é difícil para as eleições”, afirmou.
O gesto formaliza o apoio que Trump já havia sinalizado em setembro, durante a Assembleia-Geral da ONU, quando entregou pessoalmente a Milei uma cópia de uma postagem de sua rede Truth Social com a mensagem de endosso.
Pacote bilionário
A visita de Milei ocorre poucos dias depois de o governo norte-americano anunciar um acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina, em que dólares norte-americanos serão trocados por pesos argentinos — operação vista como uma tábua de salvação para o país sul-americano em meio à crise financeira, segundo reportado pela agência Reuters.
O pacote foi confirmado pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, que também participou do encontro. O acordo, segundo o Tesouro, tem o objetivo de estabilizar um aliado de ultradireita da região da América do Sul, mas a medida provocou reação dentro dos Estados Unidos.
Parlamentares democratas acusaram Trump de “priorizar resgates externos” enquanto o governo enfrenta uma paralisação e impasses fiscais internos. Representantes do setor agrícola também criticaram o acordo, lembrando que a China redirecionou suas compras de soja dos EUA para a Argentina, agravando perdas para os produtores americanos.
Para Milei, o apoio norte-americano surge em um momento delicado. O presidente extremista enfrenta queda de popularidade, inflação persistente e uma derrota importante nas eleições provinciais no mês passado. O reforço financeiro e o apoio explícito de Trump podem ajudar o libertário a recuperar terreno político antes das eleições legislativas parciais previstas para o fim de outubro.


