Trump autoriza bombardeios a Gaza enquanto cessar-fogo é violado por Israel
'Forças israelenses voltarão a essas ruas assim que eu disser a palavra', afirmou o chefe da Casa Branca
247 - O presidente norte-americano, Donald Trump, admitiu nesta quarta-feira (15), em entrevista à CNN, que pode considerar a possibilidade de permitir forças israelenses a retomarem bombardeios na Faixa de Gaza se o Hamas não cumprisse sua parte no acordo de cessar-fogo.
"Israel voltará a essas ruas assim que eu disser a palavra. Se Israel pudesse entrar e acabar com eles, eles fariam isso", disse Trump à CNN em uma breve ligação telefônica, quando perguntado sobre o que aconteceria se o Hamas se recusasse a se desarmar.
O chefe da Casa Branca e representantes de mais três países - Egito, Catar e Turquia - assinaram o acordo na última segunda-feira (13). Mas um ponto polêmico chama atenção: a gestão em Gaza fica sob responsabilidade de um governo de transição, que será monitorado por um comitê chefiado pelo presidente norte-americano.
Grupo islâmico que governa a Faixa de Gaza, o Hamas denunciou que seus integrantes não tiveram representação na administração supostamente “tecnocrata” a ser implementada no território palestino, conforme prevê o acordo para o cessar-fogo.
Enquanto autoridades envolvidas no assunto tentam resolver pendências do plano de paz, Israel retoma os ataques a Gaza, onde, segundo o Ministério da Saúde local, cerca de 68 mil palestinos morreram vítimas dos ataques israelenses desde outubro de 2023.
O acordo
Acordo assinado por Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia determina retirada parcial de tropas, trocas de prisioneiros e supervisão internacional
Segundo autoridades israelenses, na última segunda-feira (13) foram libertados 250 palestinos condenados a longas penas ou prisão perpétua, além de 1.700 detidos que não tinham acusação formal; do total, 154 prisioneiros palestinos foram deportados ao Egito, informou a Sociedade de Prisioneiros Palestinos
O entendimento prevê que Israel execute uma retirada parcial de suas forças da Faixa de Gaza e que ocorra a libertação de presos por ambos os lados: o Hamas compromete-se a soltar todos os israelenses mantidos desde outubro de 2023, enquanto Israel aceitou liberar cerca de 2 mil palestinos, entre mulheres, crianças e pessoas detidas há décadas, conforme o texto do acordo
O pacto inclui também a abertura de corredores para o envio de ajuda humanitária — alimentos, medicamentos e combustível deverão entrar em Gaza como parte da trégua
A fiscalização da implementação será atribuída a uma coalizão internacional formada pelos Estados Unidos, Egito, Catar, Turquia e pela Organização das Nações Unidas (ONU), responsável por monitorar o cumprimento das medidas estabelecidas no acordo.
Denúncias
Em dezembro de 2023, a África do Sul apresentou uma ação contra Israel perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), solicitando medidas urgentes contra autoridades israelenses sob a alegação de prática de genocídio contra a população palestina na Faixa de Gaza.
Na peça processual, a África do Sul sustenta que tanto as operações militares quanto a omissão do Estado israelense configurariam infrações à Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Israel rejeitou as acusações, defendendo que suas ações têm caráter defensivo diante de ataques terroristas.
O Brasil declarou apoio formal à iniciativa sul-africana.Em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel adotasse providências voltadas a impedir a ocorrência de genocídio, responsabilizar quem incitasse a destruição do povo palestino e garantir a entrega de assistência humanitária a Gaza. A corte, porém, não acolheu o pedido da África do Sul para a suspensão imediata das operações militares.
Diversos países, entre eles o Brasil, manifestaram apoio ao processo.Em novembro de 2024, a CIJ expediu ordens de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o então ministro da Defesa Yoav Gallant e dirigentes do Hamas, imputando-lhes crimes de guerra. Tanto o governo israelense quanto o Hamas contestaram e rejeitaram essas acusações.


