Tentativa de Trump de desestabilizar governo Lula vai sair pela culatra, diz Alex Soros
"Trump está tornando Lula mais popular", disse Soros
247 – As sanções, tarifas e ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil estão se voltando contra ele próprio e, paradoxalmente, fortalecendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A avaliação é de Alex Soros, presidente do conselho de administração da Open Society Foundations, em entrevista concedida à Folha de S.Paulo durante visita ao Brasil.
"Trump está tornando Lula mais popular", disse Soros, destacando que a estratégia de Washington de pressionar o governo brasileiro não encontra espaço de negociação. "Não é possível contemporizar com Trump. Lula teria de deixar de ser o Lula para que isso acontecesse, e o Brasil teria de ceder em sua soberania."
Trump como ameaça à soberania global
Na entrevista, Soros fez questão de situar o Brasil em um contexto internacional mais amplo. Ele afirmou que Trump representa uma ameaça não apenas à soberania brasileira, mas também à de diversos países:
"O conceito de soberania nacional agora faz parte do centro, da centro-esquerda e da centro-direita, porque o comportamento de Trump é uma ameaça à soberania em todo o mundo. Em todos os lugares em que tentou interferir ou emplacar um 'proxy', ele fracassou", disse.
Segundo Soros, as tentativas de Trump de influenciar eleições em diferentes países resultaram em derrotas, com exceção da Polônia. Para ele, assim como Vladimir Putin ameaça a soberania ao tentar redesenhar fronteiras na guerra da Ucrânia, Trump mina a estabilidade internacional ao buscar desestabilizar governos democraticamente eleitos.
Pressão sobre o Brasil e críticas às big techs
No Brasil, Trump intensificou tarifas e sanções, o que o governo de Lula interpreta como uma tentativa de “mudança de regime”. Soros concorda com essa leitura e denuncia a influência de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no desenho da política americana para o país.
Ele também alertou para a interferência dos EUA em decisões regulatórias relacionadas às big techs, citando a pressão contra a decisão do Supremo Tribunal Federal que altera a responsabilidade das plataformas digitais. "As big techs são hoje mais poderosas que países. Vamos precisar de um momento rooseveltiano de antitruste para que o sistema se mantenha justo", afirmou.
Estratégia política nos EUA e eleições de 2026
Sobre o cenário interno americano, Soros disse que a prioridade é derrotar Trump nas urnas. "A única maneira de sairmos dessa situação é através das urnas. É muito importante preservar o acesso e o direito das pessoas de votar", destacou.
Ele defendeu investimentos em mídia progressista para enfrentar a influência da direita, citando a necessidade de “versões progressistas de Rupert Murdoch”, dono da Fox News. "Democratas ricos precisam entender que não teremos regulação de mídia se não derrotarmos essa vertente do Partido Republicano", afirmou.
Críticas à cultura do cancelamento e prioridades no Brasil
Alex Soros também criticou excessos da esquerda em relação à linguagem e à cultura do cancelamento. "Sou a favor da liberdade de expressão. Acho que os progressistas talvez tenham ido longe demais em relação à linguagem. Nunca gostei da cultura do cancelamento", disse.
No Brasil, a Open Society Foundations tem como prioridades a inclusão democrática, empregos verdes, justiça climática e apoio a movimentos sociais, especialmente na Amazônia. Soros ressaltou que a fundação trabalha com parceiros locais para promover desenvolvimento econômico aliado à proteção ambiental.
Antissemitismo e conflito em Gaza
O dirigente também abordou o crescimento do antissemitismo global e associou a escalada ao conflito em Gaza. Para ele, os ataques do governo israelense serão vistos historicamente como genocídio, mas rejeitou a responsabilização de todos os judeus pelo comportamento de Israel: "Muitas das pessoas nos EUA que estavam protestando contra Israel eram judeus. Posso falar em nome de muitos judeus americanos que não querem que isso seja feito em nosso nome."
A entrevista mostra que Alex Soros vê em Trump não apenas uma ameaça política, mas um risco sistêmico para a democracia e a soberania global. No caso do Brasil, ele acredita que as ações agressivas do presidente americano reforçam a imagem de Lula, ampliando sua popularidade interna e projetando-o como símbolo de resistência democrática.
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