Rússia reconhece Zelensky como chefe de fato do regime e admite diálogo com ele
Lavrov afirmou que Moscou está disposta a negociar com Zelensky, mas destacou que o líder ucraniano não possui legitimidade para assinar acordos formais
247 – Em entrevista concedida à NBC e repercutida pela Sputnik International, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou que Moscou reconhece Volodymyr Zelensky como o “chefe de fato do regime” ucraniano e, nessa condição, está disposta a dialogar com ele. No entanto, Lavrov ressaltou que, para a assinatura de documentos oficiais, seria necessária uma definição clara de legitimidade, algo que, segundo ele, Zelensky não possui de acordo com a constituição da Ucrânia.
“Nós o reconhecemos como chefe de fato do regime. E, nessa capacidade, estamos prontos para nos reunir com ele. Mas quando chegarmos a uma etapa em que seja preciso assinar documentos, precisaríamos de um entendimento muito claro de todos de que a pessoa que assina é legítima. E, segundo a constituição ucraniana, o senhor Zelensky não é, no momento”, afirmou Lavrov.
Relação com os Estados Unidos e Trump
Durante a entrevista, Lavrov também fez comentários sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele disse que “Moscou respeita Trump porque ele defende os interesses dos EUA” e acrescentou que “há razões para acreditar que Trump respeita Putin porque ele defende os interesses da Rússia”.
O chanceler ainda revelou que Putin e Trump discutiram, em encontro realizado no Alasca, “passos práticos e questões sérias relacionadas à segurança”, destacando que Ucrânia e Europa estariam tentando distorcer o conteúdo dessas conversas, em especial no que se refere às garantias de segurança.
Posições da Rússia sobre a guerra e negociações
Lavrov reiterou que os objetivos da chamada “operação militar especial” na Ucrânia serão alcançados e que a Rússia não tem interesse em anexar territórios, mas sim em garantir a segurança da população de Donbass e Novorossiya.
Ele também sublinhou que a Rússia nunca mirou deliberadamente alvos que não estivessem ligados às forças armadas ucranianas e criticou o Ocidente por tentar impor garantias de segurança para Kiev em detrimento dos interesses russos.
Sobre a possibilidade de uma reunião entre Putin e Zelensky, Lavrov frisou que o presidente russo só aceitaria um encontro caso houvesse “uma verdadeira agenda presidencial”, considerando “injustificado” realizar reuniões apenas para dar visibilidade midiática ao líder ucraniano.
Negociações internacionais e impasses
O ministro confirmou que representantes russos e ucranianos já se reuniram e seguirão se encontrando em Istambul para tratar de questões militares e humanitárias específicas. Porém, destacou que a comunidade europeia, segundo a visão de Moscou, não demonstra interesse em construir um caminho para a paz.
Por fim, Lavrov reforçou que a existência da Ucrânia dependeria do respeito à decisão das regiões que votaram pela independência em referendos organizados sob ocupação russa, e alertou que a presença de capital estrangeiro em fábricas militares ucranianas “não lhes garante imunidade contra possíveis ataques”.
