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Retomada da entrega de chips de IA da Nvidia para a China faz parte das negociações sobre terras raras, dizem os EUA

Medida, articulada por Trump, reacende críticas no Congresso por flexibilizar controle sobre exportações de tecnologia avançada à China

Logo da Nvidia (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Arquivo)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - A fabricante norte-americana Nvidia está se preparando para retomar a venda de seus chips de inteligência artificial H20 ao mercado chinês, após obter garantias do governo dos Estados Unidos de que receberá as licenças necessárias.

A movimentação faz parte de uma negociação comercial mais ampla, que envolve o reinício do fornecimento de terras raras da China aos EUA, conforme revelou o secretário de Comércio norte-americano, Lutnick.

“Incluímos isso no acordo comercial com os ímãs”, afirmou Lutnick à Reuters, referindo-se aos componentes magnéticos que utilizam terras raras, fundamentais para diversos equipamentos tecnológicos e militares. O secretário não detalhou os termos da negociação.

A medida marca uma reviravolta em uma das principais restrições tecnológicas impostas à China em nome da segurança nacional, uma política que recebeu apoio bipartidário desde sua criação no primeiro mandato do presidente Donald Trump e mantida parcialmente por seu sucessor, Joe Biden. A reabertura das exportações, no entanto, provocou forte reação no Congresso dos EUA.

“A decisão equivocada do governo Trump de permitir que a Nvidia retomasse as vendas de chips H20 para a China não apenas entregaria aos nossos adversários estrangeiros nossas tecnologias mais avançadas, mas também é perigosamente inconsistente com a posição previamente declarada deste governo sobre os controles de exportação para a China”, criticou o deputado democrata Raja Krishnamoorthi.

O republicano John Moolenaar, presidente do Comitê Seleto da Câmara sobre a China, também demonstrou preocupação e afirmou que buscará esclarecimentos do Departamento de Comércio: “É crucial que os EUA mantenham sua liderança e mantenham a IA avançada fora das mãos do PCC”.

Corrida por chips e pressões no mercado chinês

Segundo a Reuters, a expectativa de liberação gerou uma corrida entre empresas chinesas interessadas nos chips H20, apesar de suas versões para o mercado chinês serem limitadas em capacidade de processamento. As empresas ByteDance e Tencent estariam entre as que já enviaram candidaturas para a aquisição, com base em uma lista aprovada pela própria Nvidia, segundo fontes ouvidas pela agência. Procuradas, ambas não comentaram o assunto, e a Nvidia também se recusou a responder sobre o sistema de aprovação.

Apesar da potência inferior, os chips H20 seguem compatíveis com as ferramentas de software proprietárias da Nvidia, que se tornaram padrão global na indústria de IA. O CEO da empresa, Jensen Huang, alertou que a Nvidia pode perder sua posição de liderança se não conseguir vender aos desenvolvedores chineses, que já vêm sendo disputados por concorrentes locais como a Huawei.

“O mercado chinês é enorme, dinâmico e altamente inovador, e também abriga muitos pesquisadores de IA”, declarou Huang à emissora estatal CCTV. “Portanto, é de fato crucial que as empresas americanas se estabeleçam no mercado chinês.”

A China foi responsável por 13% da receita global da Nvidia no ano fiscal encerrado em janeiro de 2025, somando US$ 17 bilhões.

Visita sob vigilância e tensões geopolíticas

A visita de Huang à China é acompanhada com atenção por Washington. Dois senadores dos EUA chegaram a enviar uma carta pedindo que o executivo evitasse encontros com empresas associadas a órgãos militares ou de inteligência do governo chinês, bem como com entidades incluídas na lista de restrições comerciais dos EUA.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China reagiu às movimentações: “A China se opõe à politização, instrumentalização e militarização da ciência, tecnologia e questões econômicas e comerciais para bloquear e reprimir maliciosamente a China”.

A Nvidia protocolou seus pedidos de licença na segunda-feira e espera resposta breve. As ações da companhia — atualmente a mais valiosa do mundo — subiram 4% após o anúncio. A rival AMD, que também espera liberação para exportar seus chips MI308 para a China, teve suas ações valorizadas em 7%.

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