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Governo de Israel restringe entrada de ajuda humanitária em Gaza

Autoridades palestinas denunciam que apenas 24% do acordo de envio de suprimentos foi cumprido e alertam para colapso hospitalar no território

Pacotes de ajuda humanitária aguardam transferência para Gaza, no lado de Gaza da passagem de Kerem Shalom, na Faixa de Gaza, em 24 de julho de 2025 (Foto: REUTERS/Amir Cohen)

247 - O Gabinete de Imprensa do Governo em Gaza denunciou que Israel tem limitado severamente a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, descumprindo os compromissos firmados em acordos anteriores. Segundo comunicado oficial, apenas uma fração do total combinado de suprimentos e combustível chegou ao território palestino, o que agrava a crise humanitária enfrentada pela população local.

As informações foram divulgadas pela agência Prensa Latina, que citou dados fornecidos pelas autoridades de Gaza. De acordo com o relatório, entre o início do acordo e 31 de outubro, apenas 3.230 caminhões carregados com ajuda humanitária conseguiram entrar no enclave costeiro. Desse total, 2.564 veículos transportavam mantimentos e produtos de socorro, incluindo 84 com diesel e 31 com gás de cozinha. Outros 639 caminhões continham mercadorias diversas, como roupas e utensílios domésticos.

O órgão palestino afirmou que esses números representam apenas 24% do previsto no pacto assinado entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas). No caso do combustível, a limitação foi ainda mais drástica: somente 10% do volume acordado foi autorizado, o equivalente a 115 caminhões de um total de 1.100 esperados. “Esses números refletem a política contínua de restringir e interromper deliberadamente o fornecimento vital de energia necessário para o funcionamento de hospitais, padarias e instalações básicas”, destacou o comunicado.

Diante da escassez de insumos e energia, o governo local apelou à comunidade internacional e aos países mediadores para que pressionem o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a cumprir suas obrigações humanitárias.

O diretor-geral do complexo médico Al-Shifa, Muhammad Abu Salmiya, reforçou as denúncias, afirmando que Israel tem impedido a entrada de materiais hospitalares essenciais. “Apenas 10% dos suprimentos médicos necessários chegaram após a trégua”, revelou. Segundo ele, cerca de 350 mil pessoas dependem de medicamentos para tratar doenças crônicas, e muitas correm risco sem acesso aos tratamentos.

O diretor da Unidade de Informação de Saúde do Ministério da Saúde, Zaher Al-Wahidi, também alertou para a grave escassez de medicamentos, especialmente nos estoques de emergência, anestesia, cirurgias e doenças crônicas. “A situação é crítica e ameaça diretamente a vida de milhares de pacientes”, afirmou.Já Amjad Shawa, diretor da Rede de ONGs de Gaza, denunciou que o fluxo de ajuda “não mudou substancialmente desde o fim dos combates em 10 de outubro”. Ele ressaltou que o Exército israelense mantém o fechamento de quatro das seis passagens de fronteira — Karni, Zikim, Erez e Rafah — e impõe restrições severas nas de Kerem Shalom e Kissufim.

O Centro Palestino para os Direitos Humanos também se manifestou, acusando as autoridades israelenses de “obstrução deliberada” da entrada de ajuda humanitária. Segundo a entidade, a política de bloqueio aprofunda o sofrimento da população e compromete o acesso a serviços básicos, em violação às normas internacionais de proteção humanitária.

A crise reforça a pressão global por uma resposta efetiva que garanta o cumprimento dos acordos e o acesso de suprimentos vitais à população de Gaza, que enfrenta um dos períodos mais críticos desde o início do conflito.

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