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Putin afirma que hegemonia ocidental está em declínio

Líder russo defende a paz, a multipolaridade e critica militarização das potências ocidentais via Otan

Vladimir Putin (Foto: Mikhail Metzel/Gabinete de Imprensa e Informação da Presidência Russa/TASS)

247 - O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o mundo já vive sob uma ordem multipolar e que o Ocidente perdeu a capacidade de impor sua hegemonia global. As declarações foram feitas durante a sessão plenária do Fórum Valdai, realizado em Sóchi, onde o líder russo abordou a guerra na Ucrânia, as relações com os Estados Unidos e a crescente militarização europeia.

Segundo a agência TASS, que compilou os principais trechos de seu discurso, Putin destacou que o cenário internacional passa por rápidas transformações e que os países devem estar preparados para mudanças drásticas. Ele defendeu que em um mundo multipolar não há espaço para modelos rígidos ou filosofias de blocos, ressaltando o fortalecimento de organizações como os BRICS e a Organização para Cooperação de Xangai (OCS).

Um mundo em transformação e o fim da hegemonia ocidental

Putin afirmou que "praticamente nada é predeterminado" nas relações internacionais atuais, destacando que cada país deve agir com ponderação e pragmatismo. Para ele, a tentativa de alguns países de manter uma postura de confronto é "anacrônica e insensata".

Sobre o Ocidente, o presidente russo declarou que os Estados Unidos e seus aliados atingiram o auge de sua influência no fim do século XX, mas que hoje não existe — e nunca existirá — uma força capaz de ditar unilateralmente as regras ao restante do planeta. "Tentativas foram feitas, mas todas terminaram em fracasso", disse.

Militarização da Europa e críticas a líderes europeus

O chefe do Kremlin criticou duramente os líderes europeus, acusando-os de fomentar uma "histeria antirrussa" para encobrir crises internas. "Francamente, sinto vontade de dizer a eles: acalmem-se, descansem um pouco e, finalmente, lidem com seus próprios problemas", afirmou.

Ele alertou ainda que Moscou acompanha de perto o aumento da militarização no continente europeu e prometeu que a resposta da Rússia "não demorará a chegar".

Guerra na Ucrânia e balanço militar

Putin afirmou que o conflito continua a ser alimentado por interesses ocidentais e acusou Kiev de tratar seus cidadãos como "material descartável". Ele garantiu que as forças russas mantêm a iniciativa no campo de batalha, consolidando o controle em várias regiões.

Entre os avanços militares, destacou a tomada de dois terços de Kupyansk, no leste da Ucrânia, e o controle total de Kirovsk, em Donetsk. Segundo ele, tropas russas já entraram em cidades estratégicas como Seversk e Konstantinovka, enquanto Volchansk estaria prestes a ser conquistada integralmente.

O líder russo também apresentou números expressivos sobre as perdas ucranianas: cerca de 44.700 soldados mortos em setembro, metade em caráter irreparável, e 150 mil deserções entre janeiro e agosto. "Há confusão nas fileiras do exército ucraniano; eles não entendem o que está acontecendo na linha de frente", disse. 

Relações com os Estados Unidos e negociações internacionais

Apesar de reconhecer divergências entre Moscou e Washington, Putin afirmou que "soluções mutuamente aceitáveis" ainda são possíveis, desde que haja respeito. Ele elogiou o pragmatismo da atual administração norte-americana, destacando que prefere tratar com líderes que declaram seus objetivos de forma direta.

O presidente russo também mencionou o líder americano Donald Trump, classificando-o como um "parceiro de conversa confortável" que "sabe ouvir e escutar". Putin disse que Moscou está disposta a apoiar a proposta de Trump para um acordo de dois Estados no conflito entre Israel e Palestina, caso essa iniciativa possa levar a uma solução definitiva na Faixa de Gaza.

As falas de Vladimir Putin no Fórum Valdai reforçam a posição russa de que o equilíbrio global está em mudança, com o enfraquecimento da hegemonia ocidental e o fortalecimento de blocos alternativos de cooperação. Ao mesmo tempo, o Kremlin sinaliza abertura para negociações pragmáticas com Washington, ainda que mantenha sua posição firme no conflito da Ucrânia.

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