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Prisioneiros palestinos começam a ser libertados por Israel

De acordo com autoridades israelenses, 250 palestinos condenados a longas penas ou prisão perpétua estão voltando para suas famílias. Vídeo

Cidadão palestinos abraça seus familiares (Foto: Mussa Qawasma/Reuters)

247 - Prisioneiros palestinos libertados de Israel foram recebidos por grandes multidões na Cisjordânia como parte do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. De acordo com números divulgados por autoridades israelenses, 250 palestinos condenados a longas penas ou prisão perpétua estão sendo libertados, além de 1.700 detidos sem acusação formal. Do total, 154 prisioneiros palestinos foram deportados para o Egito, informou a Sociedade de Prisioneiros Palestinos. 

Depois de serem liberados por Israel, os cidadãos que estavam presos foram recebidos com festa por amigos e familiares tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza. Muitos prisioneiros libertados ficaram emocionados e choraram após deixar zonas de conflito no Oriente Médio.

O plano de paz foi apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mais três países - Egito, Turquia e Catar - participaram das negociações para colocar um fim no genocídio que já matou mais de 67 mil palestinos em Gaza. 

O acordo prevê, em primeiro lugar, um cessar-fogo imediato, com a suspensão de todas as hostilidades e a interrupção temporária das operações militares. Como parte desse entendimento, Israel deverá realizar uma retirada parcial de suas tropas da Faixa de Gaza, enquanto prisioneiros dos dois lados serão libertados. 

Um dos pontos centrais é a troca de detidos: o Hamas comprometeu-se a liberar todos os prisioneiros israelenses que mantém desde outubro de 2023, ao passo que Israel aceitou soltar cerca de 2.000 palestinos, entre eles mulheres, crianças e presos mantidos há muitos anos.

A trégua inclui ainda a entrada de ajuda humanitária em Gaza, com o envio de alimentos, remédios e combustível para aliviar a crise que atinge a população local. Para garantir a execução das medidas, a implementação será supervisionada por uma coalizão internacional formada por Egito, Catar, Turquia, Estados Unidos e Nações Unidas, responsável por acompanhar o cumprimento do acordo.

Apesar dos avanços, alguns pontos continuam em aberto. O desarmamento do Hamas, considerado essencial para a consolidação da paz, segue sem definição quanto à forma de implementação. 

Também há incertezas sobre a governança de Gaza no período pós-conflito: o Hamas propôs a criação de um governo de transição sob vigilância internacional, mas Israel e outros atores externos manifestam resistência quanto à participação direta do grupo. Além disso, a reconstrução de Gaza e a busca por estabilidade de longo prazo demandam não apenas a continuidade da ajuda humanitária, mas também um plano robusto para restaurar a infraestrutura destruída e assegurar condições políticas e sociais que sustentem uma paz duradoura.

 

Mais detalhes

Estudos revelados pelo Ministério da Saúde da Faixa de Gaza indicam que mais de 67 mil palestinos perderam a vida em decorrência dos ataques israelenses desde outubro de 2023. Em meio ao conflito, a ONU relatou que aproximadamente 90% da população da região, estimada em 2,1 milhões de pessoas, teve que abandonar suas residências devido aos confrontos.

Além disso, em 22 de agosto de 2023, a ONU alertou para uma grave crise alimentar em Gaza, com mais de meio milhão de pessoas enfrentando fome, conforme a Classificação Integrada de Segurança Alimentar. Esta marca histórica tornou-se a primeira declaração de fome no Oriente Médio, destacando a magnitude da crise humanitária em curso.

Em dezembro de 2023, Israel se viu envolvido em uma ação na Corte Internacional de Justiça (CIJ), movida pela África do Sul. Pretória pediu a adoção de medidas urgentes contra autoridades israelenses, acusando-as de realizar ações genocidas na Faixa de Gaza. 

A acusação da África do Sul sustenta que os ataques militares de Israel e sua omissão diante da crise violam as obrigações estipuladas pela Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Israel, por sua vez, defende que está apenas exercendo seu direito de autodefesa contra ataques terroristas, refutando as alegações. O governo brasileiro se posicionou favoravelmente ao processo aberto pela África do Sul.

Em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel tomasse todas as providências necessárias para prevenir o genocídio em Gaza, punisse aqueles que promovem a destruição do povo palestino e garantisse a chegada de ajuda humanitária ao território. No entanto, o tribunal não acolheu o pedido da África do Sul para que Israel interrompesse suas operações militares. A ação recebeu apoio de diversos países, entre eles o Brasil.

Mais tarde, em novembro de 2024, a CIJ emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e figuras proeminentes do Hamas, acusados de crimes de guerra. Tanto Israel quanto o Hamas negam as acusações feitas pela Corte.

 

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