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Pressão europeia cresce: aliados históricos cortam apoio militar a Israel

Alemanha veta exportações militares, França e Reino Unido indicam que reconhecerão a Palestina e aumento da pressão internacional isola governo Netanyahu

Palestinos desesperados aguardam para receber comida em Khan Younis, na Faixa de Gaza, em meio aos ataques de Israel - 04/08/2025 (Foto: REUTERS/Hatem Khaled)

247 - A pressão internacional sobre Israel cresce em meio à escalada da guerra na Faixa de Gaza. Segundo a CNN, imagens de palestinos desesperados por comida intensificaram o apelo pelo fim do conflito, levando aliados históricos de Tel Aviv na Europa a anunciarem medidas concretas — como a suspensão da venda de armas e o apoio ao reconhecimento do Estado da Palestina.Na sexta-feira (8), o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, declarou que a Alemanha suspenderá “até segunda ordem” as exportações de equipamentos militares que possam ser utilizados em operações na Faixa de Gaza. O país é o segundo maior fornecedor de armamentos para Israel, respondendo por 33% das importações, atrás apenas dos Estados Unidos, com 66%, segundo dados do Instituto Internacional de Pesquisa para Paz de Estocolmo (SIPRI).

Merz afirmou que Israel tem o direito de neutralizar o Hamas e libertar reféns, mas destacou ser “difícil ver como esses objetivos podem ser alcançados” diante da ampliação da ofensiva militar. Em resposta, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, acusou Berlim de “recompensar o terrorismo do Hamas com o embargo de armas a Israel”.

Para o analista político de Gaza, Muhammad Shehada, a guinada europeia é inédita, ainda que tenha, em boa parte, caráter simbólico. “Israel tornou impossível que os aliados europeus continuem defendendo o país, com líderes israelenses dizendo que não permitirão a entrada de comida ou água em Gaza ou que destruirão todos os edifícios restantes”, disse.

Ele também ressaltou que “quase dois anos depois [do 7 de outubro] isso não pode mais ser justificado como desabafo emocional. São ordens claras do governo para cometer crimes de guerra”. Segundo Shehada, o que Israel teme é que manifestações simbólicas se transformem em “medidas punitivas concretas”, como restrições comerciais e bloqueio total à venda de armas.

A França, outro aliado tradicional, anunciou que pretende reconhecer o Estado da Palestina durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro. O presidente Emmanuel Macron defendeu que é necessário “desmilitarizar o Hamas e assegurar um Estado palestino que reconheça plenamente Israel” para garantir a estabilidade regional. 

O Reino Unido também sinalizou que poderá reconhecer a Palestina caso Israel não adote ações concretas para aliviar a crise humanitária. Portugal iniciou processo semelhante.No bloco europeu, a Eslovênia tornou-se, nesta semana, o primeiro país a proibir qualquer comércio de armas com Israel. A medida inclui o bloqueio de importações de produtos oriundos de territórios palestinos ocupados e aumento da ajuda humanitária à Gaza.

Apesar das pressões, Netanyahu mantém resistência, afirmando que o reconhecimento da independência palestina significaria “recompensar o Hamas”. 

Porém, a União Europeia tem intensificado críticas ao bloqueio de ajuda humanitária e avalia novas formas de pressão.Historicamente, Israel recebeu armas de países como EUA, Alemanha, França e Reino Unido. Atualmente, as exportações norte-americanas incluem caças, blindados e bombas guiadas, enquanto a Alemanha fornece principalmente fragatas e torpedos. 

De acordo com o SIPRI, parte dessas armas foi utilizada em operações não apenas na Faixa de Gaza, mas também contra alvos no Irã, Líbano, Síria e Iêmen desde 2023.O avanço das medidas simbólicas para ações concretas na Europa pode abrir um novo capítulo na relação de Israel com seus aliados históricos — e determinar o rumo das negociações sobre a guerra e o futuro da Palestina.Está sendo útil até agora?

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