Polônia convoca Otan após abater drones russos
Polônia invoca Otan após drones russos violarem seu espaço aéreo, gerando alerta para possível guerra
247 - A Polônia enfrentou uma violação de seu espaço aéreo, na madrugada desta quarta-feira (10), com a incursão de ao menos 19 drones russos durante um grande ataque militar à Ucrânia. Como resposta a essa ameaça direta, o governo polonês convocou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para discutir as medidas a serem tomadas em um cenário de escalada militar. O premiê polonês Donald Tusk, em pronunciamento ao Parlamento, alertou que, embora não se trate de um ato de guerra, a situação se tornou "significativamente mais perigosa do que as anteriores", e o risco de um conflito global está mais próximo do que nunca desde a Segunda Guerra Mundial. As informações são da Folha de S. Paulo.
Polônia em alerta após violação do espaço aéreo
Tusk, que lidera um governo pró-Ocidente, ressaltou que, embora o país não se considere em estado de guerra, a gravidade da violação exige uma ação conjunta da Otan. Junto ao presidente Karol Nawrocki, aliado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Tusk decidiu invocar o Artigo 4 da Carta da Otan. Esse artigo permite que os países membros se reúnam para consultas caso um membro seja alvo de uma violação de soberania, como aconteceu com o espaço aéreo polonês.
Em reação ao ataque russo, líderes europeus expressaram solidariedade à Polônia, mas com uma cautela significativa, visando evitar uma escalada militar que pudesse levar a um confronto direto entre a Otan e a Rússia. O temor de uma guerra de grandes proporções ressurge com força, especialmente considerando um incidente ocorrido no início da guerra, em 2022, quando um míssil russo caiu na Polônia e matou dois fazendeiros. Embora o míssil tenha sido posteriormente identificado como ucraniano, a memória desse episódio ainda pesa sobre as relações diplomáticas da Polônia.
Otan convocada para discutir riscos de escalada militar
Este incidente não é o único sinal de escalada. Durante a mesma madrugada, a Rússia lançou 458 drones e 40 mísseis contra a Ucrânia, com Kiev reportando que 21 drones atingiram seus alvos diretamente. A Força Aérea ucraniana também relatou que 16 mísseis não foram interceptados. Pela primeira vez desde o início da invasão, caças da Otan, como F-16 poloneses e F-35 holandeses, foram acionados para interceptar os drones russos. Este episódio marca uma intensificação no envolvimento direto da Otan no conflito.
Reações de líderes europeus e impacto global
Líderes de diversos países europeus se manifestaram contra o ataque russo. A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, qualificou o ataque como um "ataque deliberado". O presidente francês, Emmanuel Macron, também se posicionou, afirmando que o episódio é "simplesmente inaceitável". Até mesmo o premiê húngaro Viktor Orbán, tradicionalmente alinhado com Vladimir Putin, se manifestou, afirmando que a violação da soberania polonesa "é inaceitável". Contudo, a Casa Branca ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
A reação internacional reflete a preocupação crescente com o risco de um confronto direto com a Rússia. A Polônia, que é o país da Otan que mais investe em defesa, já havia tomado medidas preventivas, como o fechamento temporário de suas fronteiras até o final do exercício militar Zapad, que começa nesta sexta-feira (12) e envolve tropas russas e bielorrussas. O Zapad, que ocorre a cada quatro anos, gerou temores de que possa ser uma preparação para uma escalada no conflito com a Ucrânia e seus aliados ocidentais.
Histórico de tensões e a memória de incidentes passados
O incidente desta semana com os drones russos ocorre em um contexto de tensões militares que se intensificam a cada dia. No domingo (7), a Rússia lançou um dos maiores ataques aéreos da guerra, com 810 drones e 13 mísseis. Dois destroços caíram em território polonês, ampliando as preocupações de uma possível escalada da guerra para além das fronteiras da Ucrânia.
Este episódio também reaviva o temor de uma guerra de grandes proporções, com implicações globais. Em um cenário onde o risco de uma escalada entre a Otan e a Rússia é cada vez mais palpável, as ações da Polônia, em conjunto com o apoio da Otan, serão cruciais para tentar conter a crise e evitar um novo conflito mundial.
Ações militares da Otan e a mobilização em resposta
Em resposta à ameaça russa, a Otan iniciou uma mobilização militar significativa, com caças poloneses e holandeses, além de aviões-tanque e modelos de espionagem, operando nos céus poloneses. Quatro aeroportos importantes da Polônia, incluindo os de Varsóvia, foram temporariamente fechados, e os voos só puderam ser retomados na manhã seguinte, com atrasos inevitáveis. Essa resposta demonstra o nível de prontidão da Otan para lidar com situações de alta tensão, que podem rapidamente escalar para um confronto aberto com a Rússia.
O governo polonês relatou a queda de restos de drones e mísseis em várias regiões do país, incluindo um campo em Mniszków, localizado a cerca de 300 km da fronteira com a Ucrânia. A presença de destroços de drones russos e mísseis não identificados aumenta o risco de uma escalada acidental que possa envolver mais países da Otan.
Polônia e Otan: preparação para o futuro
A Polônia é, atualmente, o país da Otan com o maior investimento em defesa em relação ao PIB, com uma previsão de 4,12% para 2024, acima da meta de 2% estabelecida pela aliança. Este esforço reflete a crescente preocupação do país com a segurança nacional e a estabilidade da região, especialmente em um contexto de incerteza política e militar.