Petro denuncia silêncio internacional diante de agressões dos EUA no Caribe
Presidente colombiano critica OEA e questiona passividade global frente a violações de direitos humanos cometidas pelos Estados Unidos
247 - O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, denunciou o “silêncio cúmplice” da comunidade internacional diante das recentes ações militares dos Estados Unidos no Mar do Caribe. Segundo ele, as operações, sob pretexto de combate ao narcotráfico, configuram graves violações do direito internacional e dos direitos humanos.
A informação foi publicada pela rede de notícias HispanTV, que destacou as declarações de Petro feitas no sábado (1º), por meio de sua conta na rede social X. O mandatário questionou a legitimidade da Organização dos Estados Americanos (OEA) e do sistema interamericano de direitos humanos, afirmando que ambas as instituições perderam o papel de garantidoras da justiça no continente.
“Se o governo Trump está violando o direito internacional ao atacar pessoas com uma força imensamente desproporcional no Mar do Caribe — ou seja, execuções extrajudiciais, como diz a ONU — por que a OEA não se reúne para estudar esse problema de violações sistemáticas dos direitos humanos no Caribe?”, escreveu Petro.
O presidente colombiano também cobrou ação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), com sede em Washington, e questionou o motivo da ausência de medidas preventivas. “Por que não há medidas preventivas por parte da Comissão Interamericana de Direitos Humanos em Washington? Existe receio de aplicar os mesmos padrões em todo o continente? O que explica o silêncio dos progressistas e dos governos?”, indagou.
Petro apontou ainda a contradição do governo norte-americano em relação aos compromissos assumidos no campo dos direitos humanos. “A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, assinada pelos Estados Unidos, é unilateral? Ela se aplica apenas aos países da América Latina e do Caribe, e não a todo o continente americano?”, provocou.
Nos últimos meses, os Estados Unidos intensificaram a presença militar no Mar do Caribe, alegando a necessidade de combater o tráfico de drogas. No entanto, diversos governos da região têm denunciado que tais operações escondem interesses políticos e geoestratégicos, voltados para reafirmar a influência de Washington e controlar rotas marítimas.
Relatórios independentes e análises de especialistas indicam que as manobras navais, sobrevoos e deslocamentos de navios de guerra norte-americanos têm caráter de provocação e servem como instrumento de pressão sobre países da região, especialmente a Venezuela. Petro, por sua vez, rejeita qualquer tentativa de associá-lo ao narcotráfico e reforça que a luta pela soberania latino-americana exige uma postura crítica diante das ações militares unilaterais dos Estados Unidos.


