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Otan mostra divisões sobre respostas à Rússia

Alemanha pede cautela, enquanto EUA, Polônia e países bálticos defendem reação mais dura a violações de espaço aéreo

Otan (Foto: Reuters)

247 - A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) enfrenta divergências sobre como reagir a recentes ocorrências envolvendo aeronaves russas em áreas de fronteira, com posições distintas entre aliados em questão de horas e dias, segundo revelou a Bloomberg.

Na terça-feira (23), o governo da Alemanha alertou para os riscos de autorizar o abate de aviões em tais circunstâncias, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu abertura para uma resposta mais agressiva, alinhando-se à postura defendida por Polônia e países bálticos. No início da semana, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, havia afirmado que não existe “espaço para discussão” quanto a derrubar ameaças aéreas que ultrapassem suas fronteiras.

Incidentes aumentam pressão

Na sexta-feira (19), três caças russos permaneceram por 12 minutos no espaço aéreo da Estônia, sobre o Golfo da Finlândia. O episódio levou o governo estoniano a pedir reuniões de emergência tanto na Otan quanto no Conselho de Segurança da ONU. Poucas semanas antes, drones não identificados também haviam sido registrados em território da Polônia e da Romênia.

O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, reforçou a necessidade de prudência. “Exigências apressadas para derrubar algo do céu ou fazer uma grande demonstração de força ajudam menos do que qualquer outra coisa agora. Sangue-frio não é covardia nem medo, mas uma responsabilidade com o próprio país e com a paz na Europa”, afirmou em coletiva de imprensa ao lado do ministro sueco Pål Jonson, em Berlim.

Pressão por firmeza no Leste Europeu

Já o presidente da Letônia, Edgars Rinkevics, defendeu postura mais dura. “Acho que as regras de engajamento também precisam ser atualizadas de forma que, se a Rússia continuar, a abertura de fogo seja uma alternativa”, declarou em entrevista à Bloomberg TV.

Outros episódios recentes ampliaram as preocupações. Na segunda-feira (22), drones de grande porte causaram a suspensão temporária das operações no aeroporto de Copenhague. No dia seguinte, um avião militar que levava a ministra da Defesa da Espanha, Margarita Robles, sofreu falhas de GPS durante voo para a Lituânia.

Trump endurece discurso

Em encontro paralelo à Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Trump foi questionado sobre o apoio à derrubada de aviões russos em caso de violações. “Sim, eu apoio”, respondeu. Ainda assim, ele evitou confirmar um respaldo automático dos EUA a um eventual enfrentamento, dizendo que isso “depende da circunstância”, mas reiterando que o país está “muito forte em relação à Otan”.

Em publicação em rede social, o presidente norte-americano acrescentou que a Ucrânia, com apoio europeu, pode recuperar territórios sob controle russo desde 2022. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou em resposta que a Rússia mantém “resiliência e estabilidade”.

Repercussões na Alemanha

O chanceler Johann Wadephul avaliou positivamente a nova postura de Trump, destacando em entrevista à rádio Deutschlandfunk que o presidente dos EUA “está tirando as conclusões corretas”. Para ele, Moscou busca provocar reações para depois questionar a credibilidade da aliança atlântica.

As divergências evidenciam o desafio da Otan em adotar uma posição comum. Enquanto parte dos aliados pede moderação, outros defendem uma resposta mais contundente. A dificuldade de conciliar essas visões deixa em aberto o rumo da aliança diante dos episódios recentes.

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