Noboa busca encontro com Trump antes de referendo constitucional decisivo
Presidente do Equador tenta reforçar aliança com os EUA e apoio militar estrangeiro às vésperas de consulta sobre mudanças constitucionais
247 - O presidente do Equador, Daniel Noboa, pretende se reunir com o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poucos dias após o referendo de sábado (16) que decidirá sobre mudanças na Constituição do país. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (31) pela Bloomberg.
Segundo a agência, o encontro deve ocorrer nas próximas duas ou três semanas, coincidindo com uma nova visita da secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, marcada para terça e quarta-feira (5 e 6). Será a segunda viagem de Noem ao Equador desde 31 de julho. Noboa afirmou em entrevista à emissora Teleamazonas que busca ampliar a cooperação militar e obter o aval popular para a instalação de bases estrangeiras e o apoio direto de forças de segurança internacionais — inclusive tropas ou policiais — em sua campanha contra os cartéis de drogas.
Cooperação com os EUA e ações contra o narcotráfico
A aproximação com Washington ocorre em meio a uma série de operações conjuntas entre a polícia e a marinha equatorianas com a Guarda Costeira dos EUA. Apenas nesta semana, as autoridades apreenderam 13,7 toneladas de cocaína e interceptaram carregamentos de armas ilegais. A Guarda Costeira norte-americana entregou 23 suspeitos de tráfico ao porto de Manta na quarta-feira (30).
Desde que assumiu o poder, em novembro de 2023, Noboa declarou uma “guerra interna” contra o narcotráfico, classificando 22 organizações criminosas como grupos terroristas. Entre eles, estão Los Choneros e Los Lobos, também designados como terroristas pelos EUA. O Equador seguiu ainda a decisão de Washington de aplicar a mesma classificação ao Cartel de los Soles, ligado à Venezuela.
Questionado sobre os recentes ataques norte-americanos contra embarcações suspeitas de tráfico no Caribe e no Pacífico — ações criticadas por supostas execuções extrajudiciais —, Noboa comentou: “Cada um tem seu estilo; o nosso, nos últimos dois anos, tem sido mais parecido com o dos brasileiros”, acrescentando que o Equador “segue cooperando com os Estados Unidos, que consideramos um grande aliado”.
Influência política e dependência econômica
A iniciativa de Noboa de buscar um encontro com Trump às vésperas de uma votação crucial é comparada pela Bloomberg à estratégia do presidente argentino Javier Milei, que também se reuniu com o líder norte-americano antes de uma eleição decisiva e obteve um resultado expressivo nas urnas.
Além da pauta de segurança, o governo equatoriano depende do respaldo dos EUA para manter seu acesso ao financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI). O país é atualmente o quarto maior devedor do organismo, com uma dívida de US$ 6,6 bilhões, essencial para garantir liquidez em meio à prolongada estagnação econômica.
Formado nos Estados Unidos, Noboa foi um dos três presidentes latino-americanos presentes à segunda posse de Trump. Ele também se encontrou com o mandatário norte-americano em março, na Flórida, em uma visita pessoal organizada pelo secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., amigo de longa data de seu pai, o empresário Álvaro Noboa.


