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      Mundo enfrenta pior crise humanitária da história, alerta diretora de Programa de Alimentos da ONU

      Escassez de alimentos em Gaza expõe falhas na ajuda internacional e bloqueios israelenses

      Israel usa a fome como arma de guerra em Gaza (Foto: Reuters)

      247 - A diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, Cindy McCain, afirmou neste domingo (24) que o planeta atravessa a pior crise humanitária já registrada. As declarações foram feitas em entrevista à emissora japonesa NHK e repercutidas pela Sputnik Brasil. Segundo McCain, a situação na Faixa de Gaza é “catastrófica”, agravada pelos bloqueios e ataques militares israelenses que dificultam a entrada de ajuda humanitária.“A desnutrição é muito grave. Já vimos pessoas morrendo de fome lá”, disse McCain. Ela destacou ainda que a operação militar de Israel impede que comboios de ajuda cheguem aos civis. “É muito difícil quando eles apontam armas para nós, tanques ou qualquer outra coisa. Houve interrupção da ajuda humanitária porque, de repente, aquela estrada está bloqueada. Não conseguimos entrar”, acrescentou.

      Fome catastrófica em Gaza

      Na última sexta-feira (22), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) declarou oficialmente a ocorrência de fome catastrófica em Gaza — algo inédito na região. A Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), utilizada pela ONU, possui cinco estágios de insegurança alimentar. O nível mais alto, a fase cinco, significa fome extrema e risco de colapso em massa. A FAO estima que até setembro mais de 640 mil pessoas enfrentarão este cenário devastador.Dados divulgados pelo Ministério da Saúde palestino apontam que 281 pessoas já morreram por desnutrição em meio ao bloqueio, incluindo 114 crianças. Para especialistas, o número tende a crescer se não houver liberação imediata e contínua de suprimentos.

      Bloqueio israelense e déficit de ajuda

      Entre 27 de julho e 20 de agosto, Israel autorizou a entrada de 2.187 caminhões com mantimentos em Gaza. No entanto, essa quantidade equivale a apenas 15% das necessidades básicas da população, segundo autoridades locais. Além disso, alimentos essenciais como carne vermelha, peixe, ovos, frutas, vegetais, laticínios e suplementos seguem proibidos por decisão do governo de Benjamin Netanyahu.De acordo com estimativas palestinas, seriam necessários ao menos 600 caminhões por dia para atender às demandas mínimas da população em comida, remédios, combustível e outros itens básicos. Mesmo quando os comboios conseguem entrar, parte significativa da ajuda é saqueada durante o trajeto, muitas vezes com conivência de militares israelenses, denunciam as autoridades locais.

      Outras regiões em crise

      Cindy McCain também chamou atenção para outras áreas do planeta que sofrem com insegurança alimentar grave, como o Sudão, o Sudão do Sul, a República Democrática do Congo e a região do Sahel. A diretora do PMA ressaltou que o quadro global exige ações urgentes e cooperação internacional para evitar uma catástrofe ainda maior.

      A declaração reforça o alerta de que a fome voltou a se expandir em várias partes do mundo, impulsionada por guerras, bloqueios e mudanças climáticas, colocando milhões de pessoas em risco iminente de morte.

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