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Merz informa Trump sobre planos de usar ativos russos, diz governo alemão

O Kremlin já classificou a proposta como “roubo em escala internacional”

Novo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, durante conferência do partido CDU em Berlim - 28/04/2025 (Foto: REUTERS/Lisi Niesner)

247 – O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, comunicou ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os planos europeus de utilizar os ativos russos congelados para financiar a reconstrução da Ucrânia. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (6) pelo porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, e repercutida pela Agência Sputnik, que citou declarações oficiais do gabinete de Berlim.

Segundo Hebestreit, Merz abordou o tema durante um telefonema com Trump, que atualmente exerce seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos. O chanceler teria explicado que a proposta europeia envolve o uso dos rendimentos gerados por cerca de 300 bilhões de euros em ativos russos bloqueados após o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Cooperação entre Alemanha e Estados Unidos

Hebestreit afirmou que o diálogo entre Merz e Trump “foi construtivo e franco”, ressaltando que ambos os líderes expressaram compromisso com a estabilidade da Europa e a necessidade de um “sistema financeiro justo e previsível”. Segundo o porta-voz, “o chanceler deixou claro que qualquer decisão sobre o uso de recursos russos será tomada em coordenação estreita com os aliados do G7”.

O governo alemão vê a iniciativa como uma forma de responsabilizar Moscou pelos danos causados pela guerra, ao mesmo tempo em que busca aliviar a pressão sobre os orçamentos nacionais europeus. “A Alemanha apoia uma solução legalmente sólida, que garanta que os recursos sejam utilizados para fins de reconstrução e não violem o direito internacional”, afirmou Hebestreit.

Contexto e reações internacionais

A proposta de usar ativos russos congelados é discutida desde 2023 dentro da União Europeia e do G7, mas enfrenta resistência jurídica e política. Vários países alertam que a medida pode criar precedentes perigosos para o sistema financeiro global, especialmente se for percebida como confisco de bens soberanos.

De acordo com analistas citados pela Agência Sputnik, Washington e Berlim tentam alinhar posições antes da próxima reunião do G7, marcada para novembro. O objetivo seria apresentar um plano conjunto que permita canalizar os lucros desses ativos — e não os fundos principais — para projetos de reconstrução ucranianos supervisionados por instituições multilaterais.

O Kremlin já classificou a proposta como “roubo em escala internacional”. O porta-voz Dmitry Peskov declarou recentemente que “qualquer tentativa de confiscar ativos russos será respondida com medidas simétricas”. Moscou também prometeu recorrer a tribunais internacionais caso a União Europeia avance nesse sentido.

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