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Mercado aposta em cortes de juros após relatório fraco sobre empregos nos EUA

Dados decepcionantes de agosto reforçam expectativas de redução agressiva das taxas pelo Federal Reserve ainda em 2025

Um operador trabalha no pregão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), na cidade de Nova York, EUA, em 19 de janeiro de 2024 (Foto: REUTERS/Brendan McDermid)

247 - O Bloomberg publicou nesta sexta-feira (5) que a divulgação de novos dados sobre o mercado de trabalho norte-americano aumentou a pressão sobre o Federal Reserve (Fed) para iniciar cortes de juros já em setembro. O relatório mostrou criação modesta de vagas e desemprego em alta, cenário que fortaleceu a expectativa de uma redução de pelo menos 0,25 ponto percentual na próxima reunião do banco central dos Estados Unidos.

Segundo a agência, os contratos futuros de juros já embutem não apenas a decisão de setembro, mas a possibilidade de até três cortes ainda neste ano. Parte dos analistas, diante da fragilidade dos números, avalia inclusive a hipótese de um corte mais ousado, de 0,5 ponto percentual, embora os próximos indicadores de inflação devam pesar sobre o debate.

Mercado de trabalho em alerta

De acordo com o Bureau of Labor Statistics, a economia dos EUA criou apenas 22 mil postos de trabalho em agosto, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,3%. Além disso, revisões recentes mostraram que em junho houve perda líquida de empregos pela primeira vez desde dezembro de 2020.

Para Diane Swonk, economista-chefe da KPMG, “não há dúvida de que eles vão cortar 0,25 ponto. Isso mostra que as fissuras no mercado de trabalho estão se ampliando e isso é problemático”.

Fed diante de dilema

O dilema central do Federal Reserve é a dualidade de seu mandato: enquanto o desemprego cresce, a inflação permanece acima da meta de 2% e tende a se intensificar com tarifas impostas recentemente. Alguns dirigentes, como os presidentes regionais Beth Hammack (Cleveland) e Jeff Schmid (Kansas City), expressaram receio de que estímulos mais fortes reacendam pressões inflacionárias persistentes.

Já Austan Goolsbee, presidente do Fed de Chicago, afirmou à Bloomberg Television que ainda não tomou posição definitiva sobre o encontro de setembro. “Quanto mais moderados forem os números de inflação, mais confortável eu estarei em focar apenas no mercado de trabalho. Mas nos últimos relatórios tivemos alta vinda dos serviços, e precisamos garantir que isso seja apenas um desvio temporário, e não um sinal mais preocupante”, declarou.

Expectativas para os próximos encontros

O Fed ainda se reunirá em 28 e 29 de outubro e em 9 e 10 de dezembro. Antes mesmo do relatório de agosto, o presidente do banco central, Jerome Powell, havia sinalizado em discurso em Jackson Hole que o foco da instituição estava mudando de uma preocupação prioritária com a inflação para maior atenção ao mercado de trabalho.

A influência política também não está descartada. O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem insistido em cortes rápidos e agressivos nos juros. Seu indicado para o Conselho de Governadores, Stephen Miran, pode reforçar essa linha se for confirmado pelo Senado a tempo da reunião de setembro.

Apesar disso, parte dos analistas avalia que o Fed não deve optar por uma redução de 0,5 ponto agora. Michael Gapen, economista-chefe do Morgan Stanley, disse que “esse relatório não justifica um corte de 50 pontos-base em setembro, mas talvez o Fed precise agir de forma sequencial, reduzindo 0,25 ponto a cada encontro, em vez de apenas uma vez por trimestre”.

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