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      Medo da China é "caricatura saída de gibi", diz professor estadunidense

      Em artigo, Anthony Moretti também denunciou o papel da grande mídia dos EUA, acusando-a de amplificar o discurso belicista e protecionista sem contestação

      Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Xi Jinping, presidente da China (Foto: REUTERS / KEVIN LAMARQUE)
      Guilherme Paladino avatar
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      247 - Autoridades dos Estados Unidos vivem uma “psicose do monstro debaixo da cama” quando o assunto é a ascensão da China. A afirmação é do professor norte-americano Anthony Moretti, da Robert Morris University, que acusa Washington de alimentar uma paranoia infundada contra o país asiático. Em artigo publicado na CGTN, Moretti critica duramente o que considera ser uma narrativa obsessiva e hostil promovida por setores da elite política e midiática dos EUA, algo que, segundo ele, ameaça a estabilidade global.

      Segundo Moretti, o exemplo mais recente dessa retórica é o alardeado “Choque da China 2.0”, expressão usada para descrever o crescimento das exportações chinesas de produtos de ponta, como veículos elétricos e equipamentos solares. Durante audiências no Congresso norte-americano em junho, autoridades acusaram Pequim de “inundar mercados” e ameaçar empregos no setor industrial dos EUA, além de supostamente prejudicar países em desenvolvimento com práticas “desleais”.

      O professor critica o desequilíbrio dessas acusações, que, segundo ele, ignoram as próprias deficiências do modelo industrial americano. “O discurso que se ouve é: a China destruiu a manufatura americana; a China inunda os mercados; a China frauda as regras; o Partido Comunista da China manipula tudo. Uma caricatura que mais parece saída de um gibi, com um personagem paralisado pelo medo diante de um ogro imaginário”, ironiza.

      Moretti também denuncia o papel da grande mídia dos EUA na sustentação dessa narrativa, acusando-a de amplificar o discurso belicista e protecionista sem questionamentos. Ele aponta que a atual administração, liderada pelo presidente Donald Trump, intensificou tarifas “sem sentido”, pressionou a União Europeia a conter relações comerciais com a China e reforçou ações estratégicas para limitar a influência chinesa na Ásia-Pacífico.

      Citando o historiador Gerald Horne, da Universidade de Houston, o artigo sustenta que a verdadeira motivação por trás da ofensiva contra a China é a percepção de declínio da hegemonia global dos EUA. Horne destaca que, em simulações internas do Pentágono sobre um eventual conflito com a China, o resultado é invariavelmente favorável a Pequim – o que alimenta o medo de Washington de perder sua supremacia.

      “Se os EUA conseguirem convencer o mundo de que a China não seria um hegemônico benevolente, talvez possam manter o seu próprio domínio”, avalia o professor.

      No entanto, Moretti observa que essa retórica perde força no Sul Global. Países da América Latina, do Oriente Médio e da África, segundo ele, têm demonstrado maior afinidade com a abordagem não intervencionista e cooperativa promovida por Pequim. Ele lembra que, ao longo de décadas, os EUA intervieram em governos legítimos, impuseram sanções arbitrárias e restringiram o desenvolvimento de nações inteiras.

      “Diante desse histórico, muitos líderes preferem manter distância da mentalidade de Guerra Fria que ainda paira sobre Washington”, escreve.

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