Mauro Vieira vai aos EUA para tentar destravar diálogo com o governo Trump

247 - O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou neste domingo (27) a Nova York para participar de um encontro de alto nível na ONU, em meio à escalada de tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. A viagem ocorre a menos de uma semana da entrada em vigor das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. As informações são do UOL.

Vieira participa de uma reunião de alto nível na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a “solução pacífica da questão da Palestina e a implementação da solução de dois Estados”. O evento havia sido originalmente agendado para o período em que Israel e Irã entraram em confronto direto, mas foi remarcado para esta semana.

Com a escalada da tensão comercial entre os dois países, o Itamaraty enviou um emissário a Washington na última semana. A missão foi sondar as condições para uma possível agenda do chanceler brasileiro na capital americana e avaliar a disposição do governo trumpista em abrir negociação em nível ministerial.

Não houve, até o momento, confirmação nem recusa por parte dos norte-americanos. O emissário atuou em articulação com a embaixada brasileira em Washington, buscando interlocução com representantes da Casa Branca. De acordo com a apuração, o Brasil teria deixado claro que não está disposto a discutir qualquer tipo de interferência no processo judicial que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Interlocutores ligados a Trump têm condicionado a retomada do diálogo à interrupção do processo em que Bolsonaro é réu por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito — acusações que o ex-presidente nega. Trump classificou o caso como uma “caça às bruxas”, repetindo declarações feitas por aliados brasileiros, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista Paulo Figueiredo, que têm se reunido com congressistas republicanos pedindo sanções ao Brasil.

Vieira permanece em Nova York até terça-feira (30) e, segundo diplomatas ouvidos pela reportagem, só seguirá para Washington caso uma reunião de alto nível seja confirmada. O governo brasileiro avalia que não é do interesse do país expor o chanceler a um possível constrangimento diplomático.

Também estão em Washington nesta semana senadores brasileiros que tentam colaborar com a abertura de um canal político entre os dois governos. Eles têm encontros marcados com parlamentares americanos e representantes do setor empresarial.

Desde o anúncio das tarifas, em 9 de julho, outras medidas foram tomadas por Washington contra o Brasil, segundo a coluna. No dia 15, foi aberta uma investigação sobre supostas práticas comerciais desleais. Três dias depois, no dia 18, foi determinada restrição de entrada nos EUA ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a outros integrantes da Corte, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet.