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Mais de 1.300 artistas se comprometem a boicotar instituições cinematográficas israelenses

Celebridades como Ayo Edebiri, Mark Ruffalo e Tilda Swinton se unem contra abusos em Gaza e fazem apelo para boicote

Mark Ruffalo (Foto: Mario Anzuoni/Reuters)

247 - Mais de 1.300 artistas de renome, incluindo estrelas de Hollywood como Ayo Edebiri, Mark Ruffalo, Riz Ahmed e Tilda Swinton, assinaram um compromisso em boicotar instituições cinematográficas israelenses em protesto aos abusos contra os palestinos. O movimento, divulgado em uma carta nesta segunda-feira, denuncia o que os signatários chamam de "horror implacável" em Gaza, onde Israel matou mais de 64.000 palestinos e destruiu grande parte do território. A iniciativa surge no contexto do agravamento do conflito entre Israel e Gaza, com o governo israelense intensificando seus ataques à região.

A carta, que também conta com a adesão de figuras como Olivia Colman, Javier Bardem e Mike Lerner, cineasta indicado ao Oscar, declara que os signatários se comprometem a não exibir filmes, participar de festivais ou colaborar com instituições cinematográficas israelenses que, segundo eles, são cúmplices de genocídios e políticas de apartheid contra o povo palestino. A declaração faz uma comparação com o movimento "Filmmakers United Against Apartheid", que se recusou a exibir filmes na África do Sul durante o regime do apartheid. O texto critica práticas como "branquear ou justificar genocídios e apartheid" e/ou colaborar com o governo israelense responsável por esses crimes.

O compromisso também faz referência a decisões do Tribunal Internacional de Justiça, que indicam que a acusação de genocídio contra Israel é plausível e que a ocupação dos territórios palestinos é ilegal. Ao longo dos 23 meses de conflito em Gaza, grupos de direitos humanos, acadêmicos e especialistas da ONU acusaram Israel de genocídio contra os palestinos, definindo esse crime como atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.

Mike Lerner, um dos signatários da carta, afirmou que o boicote representa uma "ferramenta não-violenta" para enfraquecer a impunidade de Israel diante de suas ações contra os palestinos. “É responsabilidade de cada artista independente usar seus poderes de expressão para apoiar a resistência global contra esse horror”, disse Lerner. O movimento vem se somar a um crescente coro de vozes críticas à política israelense na indústria cinematográfica, que já teve exemplos de artistas que enfrentaram consequências profissionais por se manifestarem contra Israel. A atriz Susan Sarandon, por exemplo, foi dispensada por sua agência de talentos após participar de um protesto em solidariedade aos palestinos, em 2023.

Embora Hollywood tenha historicamente sido favorável a Israel, com filmes como "Exodus" (1960), que enalteceu a fundação do Estado israelense, o apoio à causa palestina tem ganhado força nos últimos anos. Em março, o documentário israelense-palestino "No Other Land", que trata da destruição da comunidade palestina de Masafer Yatta, venceu o Oscar de Melhor Documentário. Mais recentemente, o filme "The Voice of Hind Rajab", que retrata a história de uma menina palestina de cinco anos presa em um carro com seus familiares mortos antes de também ser assassinada por soldados israelenses, recebeu uma ovação de 23 minutos no Festival de Cinema de Veneza.

O boicote anunciado nesta segunda-feira surge em meio à destruição sistemática de Gaza City, que já teve grande parte de sua infraestrutura arrasada pelos ataques israelenses. "Reconhecemos o poder do cinema em moldar percepções", afirmou o comunicado dos artistas. "Neste momento urgente de crise, onde muitos dos nossos governos estão permitindo o massacre em Gaza, devemos fazer tudo o que pudermos para abordar a cumplicidade nesse horror implacável."

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