Israel lança ataque contra o Ministério da Defesa da Síria
Ataques foram conduzidos após promessas de "golpes dolorosos" contra forças do governo sírio que estariam atacando comunidades drusas na região de Sweida
Reuters - Poderosos bombardeios aéreos atingiram Damasco nesta quarta-feira (16), tendo como alvo o Ministério da Defesa da Síria, em meio à intensificação dos combates no sul do país. Os ataques foram conduzidos por Israel, após promessas de "golpes dolorosos" contra forças do governo sírio que estariam atacando comunidades drusas na região de Sweida.
Jornalistas da agência ouviram aviões de guerra sobrevoando em baixa altitude a capital síria e lançando uma série de ataques de grande intensidade no centro da cidade. Uma espessa coluna de fumaça se ergueu do Ministério da Defesa, e toda a paisagem urbana foi tomada pela fumaça.
Defesa de comunidades drusas motiva ação israelense - Antes mesmo dos ataques, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, havia prometido retaliações severas: “golpes dolorosos virão”, afirmou. Segundo o Exército israelense, um dos alvos foi o portão de entrada do complexo do Ministério da Defesa da Síria. Fontes da própria pasta informaram à Reuters que pelo menos dois ataques com drones atingiram o edifício, obrigando os oficiais a se refugiarem no subsolo. A TV estatal Elekhbariya reportou que dois civis ficaram feridos.
O Exército de Israel também comunicou ter atacado alvos do "regime sírio" no sul do país, incluindo tanques e caminhonetes com metralhadoras que se dirigiam a Sweida. De acordo com a ONG Rede Síria para os Direitos Humanos, 169 pessoas morreram nos confrontos desta semana. Fontes de segurança elevaram o número para 300, embora a Reuters não tenha conseguido verificar de forma independente os totais.
População em pânico e denúncias de saques - O conflito em Sweida, de maioria drusa, envolve enfrentamentos entre membros da minoria e forças de segurança do governo, além de grupos armados de tribos beduínas. Um morador da cidade relatou à Reuters: “estamos cercados e ouvimos os combatentes gritando... estamos com muito medo”. Ele pediu anonimato, temendo represálias, e contou que tenta manter as crianças em silêncio para não serem ouvidos.
Na terça-feira, um repórter da Reuters presenciou forças governamentais saqueando casas, incendiando imóveis e roubando carros e móveis em Sweida. Um homem chegou a mostrar o corpo do irmão, baleado na cabeça dentro da própria residência. Em comunicado, o governo sírio prometeu responsabilizar os responsáveis por “atos de desordem” e reafirmou seu compromisso com a proteção da população local.
Conflito desafia governo interino e mobiliza drusos de Israel - Os combates colocam em xeque a autoridade do presidente interino Ahmed al-Sharaa, que tenta reunificar o país em meio à rejeição de diversos grupos ao governo de viés islamista. Apesar da aproximação diplomática com os Estados Unidos, Sharaa enfrenta resistência interna crescente.
Diante da escalada da violência, centenas de cidadãos drusos israelenses romperam a cerca da fronteira e se uniram a seus conterrâneos sírios nesta quarta-feira, segundo testemunha da Reuters. O Exército de Israel afirmou que trabalha para garantir o retorno seguro dos civis que cruzaram a divisa.
Os drusos, que seguem uma vertente religiosa derivada do islamismo, estão espalhados entre Síria, Líbano e Israel. Líderes espirituais da comunidade vêm denunciando o que chamam de ataques bárbaros por parte das forças sírias. Já o governo sírio responsabiliza “gangues fora da lei” pela violência.
Artilharia pesada e cenário devastador - O portal Sweida24 informou que tanto a cidade quanto vilarejos próximos foram alvo de intenso bombardeio com artilharia e morteiros nas primeiras horas da quarta-feira. O Ministério da Defesa pediu à população que permaneça em suas casas. Sharaa tem reiterado, desde que assumiu, seu compromisso com a proteção das minorias, mas a brutalidade dos últimos dias mina ainda mais a sua legitimidade.
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