Irã e troika europeia concordam em retomar negociações sobre programa nuclear

247 - O Irã e a chamada troika europeia — composta por Reino Unido, França e Alemanha — chegaram a um entendimento preliminar para retomar as negociações sobre o programa nuclear iraniano. A informação foi divulgada neste domingo (20) pela agência de notícias iraniana Tasnim e confirmada por veículos internacionais como Reuters, Anadolu e Mehr News. Embora o local e a data exata ainda estejam em discussão, os dois lados concordaram com o princípio do reinício do diálogo, interrompido desde junho em meio a uma escalada militar na região.

“Ainda não foi decidido o país onde as próximas negociações serão realizadas”, disse uma fonte iraniana à agência Tasnim, ressaltando que o cronograma e os detalhes logísticos seguem em consulta.

A iniciativa ocorre num momento de elevada tensão, em que as potências europeias ameaçam reativar sanções internacionais caso não haja avanços concretos até o fim de agosto. O mecanismo, conhecido como "snap-back", prevê a reimposição automática de sanções das Nações Unidas em caso de descumprimento dos compromissos do acordo nuclear original (JCPOA), assinado em 2015 e abandonado unilateralmente pelos Estados Unidos em 2018.

Por sua vez, o governo iraniano exige garantias de que não haverá novos ataques militares durante o processo de negociação e reafirma seu direito ao enriquecimento de urânio para fins pacíficos. A retomada do diálogo ocorre em meio à pressão diplomática crescente da União Europeia e dos Estados Unidos, que buscam conter o avanço do programa nuclear iraniano e evitar o colapso total do acordo.

A expectativa é de que a nova rodada de conversas ocorra em território neutro, possivelmente em Genebra, Bruxelas ou Istambul, e conte com a participação de altos representantes diplomáticos. Observadores internacionais alertam, no entanto, que qualquer nova escalada militar — especialmente envolvendo Israel ou os EUA — pode inviabilizar novamente o processo.

A reabertura das negociações representa um sinal de abertura diplomática em meio ao cenário instável do Oriente Médio e reforça a aposta europeia na via diplomática para conter tensões e evitar a militarização do conflito nuclear iraniano. Resta saber se os compromissos assumidos nas próximas semanas serão suficientes para restaurar a confiança mútua e preservar os termos do acordo original.