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      Irã e AIEA avançam em negociações para novo quadro de cooperação

      Teerã busca redefinir relação com agência nuclear após ataques dos EUA e Israel

      Foto ilustrativa mostra logotipo da AIEA e a bandeira iraniana - 16/06/2025 (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Foto ilustrativa)
      José Reinaldo avatar
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      247 - O Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) intensificaram as negociações para estabelecer um novo marco de cooperação bilateral. A informação foi divulgada pela rede HispanTV, que citou o representante iraniano junto à AIEA, Reza Najafi. Segundo ele, uma delegação de Teerã se reuniu em Viena com o vice-diretor da agência para dar continuidade ao diálogo iniciado no começo de agosto, durante visita de Massimo Aparo a Teerã.

      Najafi afirmou que houve avanços importantes nessa rodada e que ficou decidido manter o processo de negociação para desenvolver um protocolo de engajamento dentro do que estabelece a lei aprovada pelo Parlamento iraniano em junho, que restringe a cooperação plena com a AIEA. “As partes fizeram progressos nesta rodada de negociações, e foi acordado que as negociações continuariam para desenvolver um protocolo de engajamento dentro da estrutura da lei parlamentar”, declarou o diplomata.

      Novas condições para cooperação

      De acordo com o enviado iraniano, a redefinição da parceria acontece em um cenário marcado pelos ataques dos Estados Unidos e de Israel contra instalações nucleares pacíficas do país, em junho. Esses episódios, que deixaram mais de mil mortos, entre militares, cientistas e civis, levaram o Parlamento iraniano a aprovar por unanimidade uma lei que suspende a cooperação total com a AIEA.

      A norma determina que os inspetores da Agência só poderão entrar no Irã caso haja garantias de segurança para as instalações nucleares e para os projetos de uso pacífico da energia atômica, mediante autorização do Conselho Supremo de Segurança Nacional.

      Críticas à AIEA e pressões internacionais

      Teerã acusa a AIEA de falhar em proteger suas instalações nucleares diante da ofensiva militar e de apresentar relatórios parciais que, segundo o governo iraniano, facilitaram os ataques. “As novas condições estabelecidas pela República Islâmica do Irã para cooperação com a AIEA foram delineadas”, destacou Najafi.

      O vice-ministro das Relações Exteriores, Kazem Qaribabadi, também criticou a falta de ação da agência e apontou falhas em seus processos de monitoramento. Já o chanceler Araqchi manteve conversas paralelas com representantes da União Europeia, França, Reino Unido e Alemanha, signatários do acordo nuclear de 2015 (JCPOA). Araqchi sinalizou abertura ao diálogo, mas advertiu que a ativação do mecanismo de sanções rápidas — o chamado snapback — poderia trazer sérias consequências, já que o bloco europeu, em sua avaliação, não cumpriu suas obrigações desde a saída unilateral dos EUA do pacto em 2018.

      Conflito recente e resposta militar

      A crise atual se agravou após o ataque israelense de 13 de junho, que, segundo Teerã, não teve justificativa. Menos de dez dias depois, os Estados Unidos bombardearam três instalações nucleares iranianas de uso pacífico, sob proteção da AIEA. Em retaliação, o Irã lançou a operação “Verdadeira Promessa III”, atingindo alvos estratégicos israelenses e a maior base americana da região, o que forçou um cessar-fogo em 24 de junho.

      O governo iraniano insiste que continuará a defender seus direitos de desenvolver energia nuclear com fins pacíficos, ao mesmo tempo em que busca garantir novas condições para manter algum nível de cooperação técnica com a AIEA.

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