Hamas e Fatah concordam em criar comitê tecnocrático para administrar Gaza
Khalil al-Hayya, dirigente do Hamas, afirma que o órgão será temporário e deve abrir caminho para eleições e um governo de unidade palestina
247 - O Hamas e o Fatah chegaram a um entendimento preliminar para formar um comitê tecnocrático encarregado de administrar a Faixa de Gaza. A informação foi divulgada por Khalil al-Hayya, alto dirigente do Hamas e chefe da equipe de negociação do movimento de resistência, em entrevista concedida à rede Al Jazeera na noite de domingo (26).De acordo com o jornal The Times of Israel, que repercutiu a declaração, Al-Hayya afirmou que houve consenso entre as facções palestinas, incluindo o Fatah, sobre a criação desse órgão temporário. A medida teria como objetivo preparar o terreno para a realização de eleições palestinas e a formação de um futuro governo de unidade nacional.
O dirigente explicou que o comitê não substituiria de forma definitiva a atual estrutura política, mas funcionaria até que uma nova administração legítima fosse eleita. Ele, no entanto, evitou estipular prazos para a implementação da proposta. “Não posso estimar o cronograma”, disse Al-Hayya, indicando que o diálogo entre as partes ainda está em curso.
Durante a entrevista, o representante do Hamas também reafirmou que o movimento não pretende abrir mão de suas armas, “exceto com o estabelecimento de um Estado palestino”. A declaração reforça a posição tradicional do movimento, que considera o desarmamento apenas após o fim da ocupação israelense e o reconhecimento pleno da soberania palestina.
Ao abordar os ataques de 7 de outubro de 2023, Al-Hayya argumentou que o episódio foi “o resultado natural de 77 anos de comportamento de ocupação”. Para ele, o ataque, “apesar de toda a dor do nosso povo, dos mártires e dos prisioneiros”, elevou a causa palestina “a um novo patamar” e revelou “a verdadeira face da ocupação”.
O entendimento entre Hamas e Fatah representa um movimento significativo num cenário de fragmentação política palestina que perdura desde 2007, quando o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza após confrontos com o Fatah, que manteve o comando da Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia.
Ainda assim, o anúncio sinaliza um possível avanço nas conversas entre as principais forças políticas palestinas, num momento em que o território enfrenta uma das piores crises humanitárias de sua história, agravada pelos bombardeios israelenses e pelo bloqueio imposto há mais de uma década.


