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Greta descreve torturas de Israel contra ativistas de flotilha

Ativista sueca detalha abusos sofridos em cárcere de Israel após interceptação no mar; denúncias expõem violência contra apoiadores da causa palestina

A ativista sueca Greta Thunberg, que partiu de Israel de avião na terça-feira após ser detida a bordo do iate de bandeira britânica "Madleen", com destino a Gaza, depois que forças israelenses abordaram o navio de caridade que tentava chegar à Faixa de Gaza, desafiando o bloqueio naval israelense, conversa com jornalistas cercada pela polícia francesa ao chegar a um terminal do Aeroporto Paris-Charles de Gaulle, em Roissy-en-France, perto de Paris, França, em 10 de junho de 2025 (Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes)

247 - A ativista climática sueca Greta Thunberg revelou, em entrevista publicada pelo portal Democracy Now!, que foi vítima de tortura e maus-tratos junto a outros integrantes da Global Sumud Flotilla durante detenção em Israel. O grupo havia sido interceptado em águas internacionais quando tentava levar alimentos e remédios para a população sitiada da Faixa de Gaza.

Segundo o relato, os ativistas foram levados à prisão de Ktzi’ot, no deserto de Neguev, onde receberam a visita do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir. Greta relatou que ele gritou aos detidos: “Vocês são terroristas! Querem matar bebês judeus!”. Aqueles que reagiram verbalmente foram retirados e espancados por agentes penitenciários.

Abusos físicos e psicológicos

Greta Thunberg descreveu cenas de violência sistemática por parte dos guardas. Ela afirmou ter sido chutada diversas vezes, obrigada a se despir e confinada em uma cela infestada de insetos, sem acesso a comida nem água potável. A ativista disse ainda que foi alvo de insultos sexistas em sua língua natal: “Eles me chamavam repetidamente de ‘prostituta’ em sueco e escreveram essa palavra e outros insultos na minha mala”.Em tom de denúncia, Greta destacou: “Se Israel, com o mundo inteiro observando, trata dessa maneira uma pessoa branca, conhecida e com passaporte sueco, imagine o que faz com os palestinos atrás das portas fechadas”.

Gaza: fome, deslocamento e impasse na trégua

As revelações acontecem em meio à crise humanitária em Gaza. Israel adiou novamente a reabertura da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, restringindo a entrada de ajuda humanitária. Mais de dois milhões de palestinos enfrentam fome, desnutrição e falta de medicamentos.

Relatos da Al Jazeera apontam que, mesmo com a trégua anunciada na semana passada, ataques israelenses já mataram ao menos três palestinos nesta quinta-feira (16). Milhares de famílias que haviam sido expulsas de Gaza City retornaram apenas para encontrar suas casas em ruínas. A moradora Umm al-Abed al-Fioumi resumiu o drama vivido: “Não há trabalho, nem comida, nem água, nem moradia. Agora o inverno se aproxima e não temos nem cobertores”.

Denúncias contra Israel em prisões

As acusações não se restringem à flotilha humanitária. O grupo de apoio a presos políticos palestinos denunciou que o líder Marwan Barghouti, preso há 20 anos e condenado a cinco penas de prisão perpétua, sofreu fraturas nas costelas após ser espancado até perder a consciência durante transferência entre prisões israelenses. O episódio teria ocorrido logo após visita do mesmo ministro Ben-Gvir, que teria mostrado a Barghouti uma foto de cadeira elétrica e dito que ele merecia ser executado.

Solidariedade internacional cresce

A repressão em Gaza e nas prisões israelenses motivou manifestações em várias partes do mundo. Na Espanha, centenas de milhares de trabalhadores e estudantes aderiram a uma greve nacional exigindo que o governo corte relações diplomáticas e econômicas com Israel. Em cidades como Barcelona, Valência, Bilbao, Sevilha e Madri, multidões foram às ruas. Uma das manifestantes resumiu o sentimento: “Já passaram dois anos até que as pessoas se mobilizassem e dissessem: ‘Parem o genocídio’. Enquanto não rompermos os laços, Israel continuará fazendo o que quer”.

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