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Governador da Califórnia critica tarifaço e diz que Trump mostrou o "dedo do meio" ao Brasil

Democrata disse que as tarifas de 50% impostas por Donald Trump são um "desrespeito" ao Brasil e criticou a ausência dos EUA na COP30

Gavin Newsom (Foto: Reuters)

247 - Durante evento do Milken Institute em São Paulo, nesta segunda-feira (10), o governador da Califórnia, Gavin Newsom, criticou duramente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Para o democrata, a medida representa uma afronta direta ao Brasil e aos laços comerciais entre os dois países.

“Nenhuma pessoa da administração deveria mostrar desrespeito por nenhum de vocês. Esqueçam a política. O Brasil é um dos nossos grandes parceiros comerciais. É o país com o qual deveríamos nos envolver. No entanto, dedo do meio com 50% de tarifas. Isso é vergonhoso”, disse Newson, de acordo com a Folha de S. Paulo.

Ausência dos EUA na COP30 é “infantil”, diz governador

O governador também criticou a falta de representação do governo estadunidense na COP30, que acontece em Belém (PA). “A razão de eu estar aqui é a ausência de liderança vinda dos EUA, este vácuo. É algo bastante infantil. Não há nenhuma representação, nem mesmo um observador”, afirmou Newsom, apontando a perda de protagonismo dos Estados Unidos nas discussões climáticas globais.

Califórnia como modelo de sustentabilidade

Cotado para disputar a presidência em 2028, Newsom ressaltou que a Califórnia se diferencia do restante do país por investir em energia limpa e inovação. “Espero que eu esteja deixando em vocês a sensação de que marchamos no compasso de um tambor diferente na Califórnia, um parceiro estável e confiável. Estamos aqui para o longo prazo”, declarou. “Há uma razão pela qual a Tesla foi criada na Califórnia. Não haveria Elon Musk como o conhecemos hoje, e perdoem-nos por isso”, destacou.

Críticas à indústria petroleira

Newsom também condenou o poder do lobby da indústria petroleira e a falta de visão estratégica das montadoras tradicionais dos Estados Unidos. “Temos fabricantes de automóveis tradicionais que estão vivendo, mas as cabeças deles estão enterradas na areia. A GM está tentando recriar o século 19. A China está dominando o software, não apenas as baterias. Mas nos Estados Unidos há todos esses interesses cativados, com visão de curto prazo. Nos tornamos um petroestado”, declarou. “Estamos dobrando a aposta na estupidez nos Estados Unidos da América. Mas não nesse estado da Califórnia”, completou.

Autocrítica ao Partido Democrata

Além de atacar a administração Trump, o governador também fez críticas a seu próprio partido. “Eu pensei que o nosso sistema imunológico tivesse sido despertado na última terça-feira com as eleições. Mas agora estou preocupado. É como se alguns dos meus colegas e amigos no Senado simplesmente tivessem decidido que estamos jogando pelas regras antigas. Não pelas novas regras. Eles podem ter se rendido um pouco”, disse.

Preocupação com desigualdade e democracia

Questionado sobre o futuro político, já que seu mandato termina em 2026, Newsom respondeu que ainda não tem planos definidos. “Como você pode perceber, estou muito preocupado com o que está acontecendo no meu país. Com os acordos de armamento, a militarização das cidades americanas, homens mascarados e pessoas desaparecendo, comunidades em alerta máximo”, afirmou.

Por fim, o governador defendeu uma mudança de valores e uma distribuição mais justa de riqueza. “Plutarco, em 50 D.C., alertou os atenienses sobre o desequilíbrio entre ricos e pobres. Esse é o mais antigo e fatal dos males de todas as revoltas. Não é sustentável. Então, espero que haja uma transferência de riqueza e uma mentalidade diferente, afastando-nos dos valores situacionais, do imediatismo, para valores sustentáveis, não apenas com a Mãe Natureza, mas no contexto do livre mercado. Também vamos ter que democratizar nossa economia se quisermos salvar nossa democracia”, disse.

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