Fome e doenças se alastram por Gaza, alerta a ONU
Agência das Nações Unidas denuncia crise humanitária e critica plano de distribuição de alimentos imposto por Israel e EUA
247 - A crise humanitária na Faixa de Gaza se agrava de forma alarmante. Segundo reportagem publicada pela agência Prensa Latina nesta quarta-feira (17), a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que centenas de milhares de palestinos estão enfrentando fome, doenças e colapso nos serviços básicos como consequência direta da ofensiva militar israelense.
Adnan Abu Hasna, assessor de imprensa da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), afirmou em entrevista à agência Shebah que o cenário atual representa uma deterioração “em ritmo sem precedentes” e classificou a situação como um estágio “pós-desastre”.
De acordo com Abu Hasna, houve um crescimento acentuado nos casos de doenças provocadas pela desnutrição e pelo consumo de água contaminada. "A situação humanitária em Gaza atingiu um estágio pós-desastre", reforçou um porta-voz da UNRWA, em tom de advertência.
Apesar do colapso generalizado, a agência recebeu com cautela os recentes anúncios da União Europeia sobre um acordo com Israel que, em tese, permitirá a retomada das atividades das organizações internacionais na região.
“Esperamos que esse compromisso se traduza em ações no terreno, com centenas de caminhões transportando alimentos e ajuda médica entrando em Gaza diariamente, bem como o equipamento necessário para consertar as usinas de dessalinização de água”, declarou Abu Hasna.
O assessor da UNRWA criticou a escassez de ajuda permitida a entrar no território sitiado. Segundo ele, desde 17 de maio, apenas 11 mil toneladas de suprimentos chegaram a Gaza — quantidade que, em condições normais, poderia ser entregue em um único dia.
“Estamos trabalhando dentro do sistema da ONU para pressionar o país a reabrir as fronteiras e, assim, aumentar a quantidade de suprimentos humanitários”, acrescentou.
Abu Hasna também condenou o plano articulado por Israel e pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, para distribuir alimentos no enclave palestino. Chamou o mecanismo de “um fracasso retumbante no enfrentamento da fome crescente”, apontando que a medida sofre com falta de experiência, ausência de dados e deficiência logística.
Mais do que ineficaz, o plano serviria, segundo ele, a interesses políticos do governo israelense. “O verdadeiro objetivo é empurrar os moradores de Gaza para o sul, em preparação para sua deportação, e por isso nos recusamos a cooperar”, afirmou.
A denúncia se soma ao alerta do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que nesta semana responsabilizou a ofensiva israelense pela destruição de famílias inteiras, proliferação de pandemias, agravamento da pobreza e deslocamentos populacionais em massa.
De acordo com a agência, as crises acumuladas nos serviços de saúde e assistência social têm causado aumento do estresse entre os palestinos e provocado crescimento da violência doméstica, da exploração sexual e do abuso.
“Estamos trabalhando em condições extremamente difíceis… Não há espaços seguros suficientes para mulheres e seus filhos”, alertou Suhair, que atua em um abrigo na província de Deir El-Balah, também entrevistada pela Shebah.
A ONU e suas agências reiteram o apelo à comunidade internacional por um cessar-fogo imediato e pela abertura de corredores humanitários que garantam o fornecimento de alimentos, medicamentos, água potável e abrigo às vítimas civis da guerra.
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