FMI alerta sobre riscos fiscais e comerciais em meio a tensões EUA-China
Líderes financeiros destacam impactos de tarifas e guerra comercial nas previsões de crescimento global
247 - As recentes reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington, trouxeram à tona os principais desafios econômicos globais, com foco em tensões comerciais, desconfiança geopolítica e a crescente bolha de inteligência artificial nos Estados Unidos. A situação política interna dos EUA, marcada por um impasse partidário que levou ao fechamento parcial do governo, exacerbou o clima de incerteza, com os líderes financeiros mundiais reunidos para discutir o futuro da economia global, que enfrenta uma série de riscos estruturais.
Segundo informações da Bloomberg, enquanto a administração de Donald Trump não conseguiu evitar uma desaceleração econômica mais profunda devido às suas tarifas, muitos temem que os efeitos dessas medidas ainda estejam por vir, impactando os preços, os lucros das empresas e retardando investimentos em várias partes do mundo. "A nossa mensagem para todos é: fiquem calmos", afirmou Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, durante uma entrevista à Bloomberg Television. Ela também pediu à China que "cuidado, não provoque outros países a vê-lo como uma ameaça às suas economias", referindo-se ao aumento das tensões comerciais entre as duas maiores economias globais.
Essas tensões foram intensificadas pelo aumento das barreiras comerciais, como os controles de exportação de tecnologias avançadas impostos pelos Estados Unidos e as restrições da China sobre terras raras. Nesse cenário, a Secretaria do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, criticou duramente um negociador chinês, qualificando-o de "descontrolado" e insinuando que ele poderia ter "se desviado". As tensões também foram visíveis nas declarações de autoridades, como o membro do Conselho do Banco Central Europeu, Joachim Nagel, que expressou preocupação com os riscos de uma bolha financeira, comparando o cenário atual com o estouro da bolha da internet no ano 2000.
A crescente fragilidade fiscal global também preocupa os especialistas. De acordo com o FMI, a dívida pública mundial está a caminho de superar 100% do PIB até o final desta década, nível mais alto desde 1948. "Os países não devem ser complacentes", alertou Georgieva, destacando que a falta de retaliação contra as tarifas dos EUA e as exportações abundantes da China ajudaram a evitar uma recessão mais profunda, mas que o cenário continua tenso.
Nos mercados financeiros, que se mantêm próximos de recordes históricos, a tensão gerada pela guerra comercial e pela euforia em torno da inteligência artificial tem gerado instabilidade, com alertas de correções abruptas e potenciais bolhas de ativos. O risco de uma desaceleração econômica mais profunda é palpável, com os analistas do FMI prevendo um crescimento global de 3,2% em 2025 e 3,1% em 2026, ambos abaixo da média histórica de 3,7%. Caso os riscos comerciais se concretizem, o crescimento pode ser reduzido em 0,3 ponto percentual, segundo Krishna Srinivasan, diretor do Departamento da Ásia e Pacífico do FMI.
Em meio a essas incertezas, há sinais de que os presidentes Donald Trump e Xi Jinping possam se encontrar em breve na Coreia do Sul, alimentando esperanças de uma resolução parcial para o impasse. A expectativa é compartilhada por economias ricas e pobres, que temem as consequências de uma intensificação do conflito. "Estamos monitorando a situação de perto", afirmou o ministro das Finanças da Alemanha, Lars Klingbeil, ressaltando que seu país espera que as tensões entre as duas potências possam ser aliviadas. No entanto, o caminho para uma trégua definitiva entre os EUA e a China parece incerto, e os líderes financeiros continuarão a enfrentar desafios com um cenário cada vez mais imprevisível.
O FMI e outros órgãos internacionais continuam a enfatizar a necessidade de vigilância constante e flexibilidade diante dos desafios econômicos e políticos que marcam o presente. "A realidade é que as pessoas são resilientes e criativas, encontrando formas de compensar as dificuldades", concluiu Muhammad Aurangzeb, ministro das Finanças do Paquistão. O mundo, portanto, permanece em um delicado equilíbrio entre esperança e apreensão, aguardando uma resolução para a escalada das tensões comerciais.