TV 247 logo
      HOME > Mundo

      Flotilha humanitária adia partida para Gaza e retorna a Barcelona por causa do mau tempo

      Organizadores afirmam que rajadas de vento acima de 55 km/h comprometeram a segurança e atrasaram o cronograma da missão

      Flotilha da Liberdade (Foto: gazafreedomflotilla/Instagram)
      Otávio Rosso avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - A frota internacional de ajuda humanitária que deixou Barcelona rumo à Faixa de Gaza neste domingo (31) precisou retornar ao porto catalão menos de 24 horas após a partida. Segundo informações da Folha de S.Paulo, os organizadores confirmaram que uma tempestade no Mediterrâneo obrigou o recuo da missão, batizada de Global Sumud.

      Em comunicado divulgado nas redes sociais, os responsáveis pelo movimento explicaram que realizaram um teste no mar antes de decidir voltar. “Devido às condições meteorológicas adversas, realizamos um teste no mar e, em seguida, retornamos ao porto para permitir que a tempestade passasse. Isso significou adiar nossa partida para evitar riscos de complicações com as embarcações menores”, informaram. Ainda segundo a nota, o objetivo foi priorizar a segurança, já que os ventos ultrapassaram 55 km/h.

      Atraso pode alterar calendário da missão

      A expectativa inicial era que a flotilha chegasse a Gaza em 13 de setembro. Agora, não há definição sobre nova data de saída ou possíveis mudanças no itinerário, que inclui escalas na Tunísia e em outros pontos do Mediterrâneo. O plano prevê reunir até 80 embarcações de 44 países, com aproximadamente 700 voluntários a bordo.

      Entre os nomes que participam da ação estão a ativista sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila. Ambos já haviam sido detidos e deportados por forças israelenses em junho, durante uma tentativa anterior de furar o bloqueio marítimo. Pelo menos outros 12 brasileiros também integram a atual tripulação.

      Israel reforça bloqueio marítimo

      As Forças Armadas de Israel já anunciaram que não pretendem permitir a entrada da frota humanitária. O major Rafael Rozenszajn, porta-voz militar, afirmou em entrevista ao jornal: “As Forças Armadas vão estar preparadas para garantir que o bloqueio seja aplicado de uma forma absoluta na Faixa de Gaza”.

      O Ministério das Relações Exteriores de Israel, por sua vez, costuma minimizar a relevância do movimento. Em ocasiões anteriores, classificou iniciativas semelhantes como ações midiáticas, chegando a chamar uma das expedições de “iate das selfies”.

      Mobilização em Barcelona e apoio internacional

      A saída da flotilha no domingo foi marcada por forte mobilização popular no porto de Barcelona. Manifestantes exibiam faixas com mensagens como “parem o holocausto alimentar em Gaza” e “não é uma guerra, é um genocídio”. Os atos ocorreram após três dias de atividades culturais e políticas em apoio à causa palestina, que incluíram palestras, apresentações musicais e até uma roda de samba.

      A capital catalã se consolidou como polo de apoio à Palestina nos últimos meses, tendo até suspendido relações institucionais com Israel em junho. Organizações sociais, sindicatos e moradores locais colaboraram para hospedar voluntários e organizar transporte até o porto. Uma das embarcações transporta ainda a ex-prefeita da cidade, Ada Colau, figura emblemática da esquerda espanhola.

      Histórico de tentativas e repressão israelense

      Desde 2008, dezenas de iniciativas semelhantes tentam estabelecer um corredor humanitário marítimo até Gaza. Apenas no primeiro ano, cinco missões conseguiram entregar alimentos e suprimentos médicos ao território. Em 2010, uma operação israelense contra sete barcos terminou com nove mortos e 50 feridos.

      Mais recentemente, as ações têm sido frustradas por interceptações militares. Em maio, o barco Conscience foi atingido por drones perto de Malta, após acusações de Israel de que transportava armas para o Hamas — versão contestada por inspeção maltesa. Em junho, o veleiro Madleen, que levava Greta Thunberg e Thiago Ávila, foi apreendido a 180 km de Gaza. O brasileiro ficou cinco dias preso em solitária, em condições que sua família classificou como maus-tratos, até ser deportado após intervenção diplomática do Itamaraty.

      A retomada da flotilha ocorre em meio a uma nova ofensiva israelense contra a Cidade de Gaza e a crescente pressão internacional diante do agravamento da crise humanitária. Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU declarou, com exceção dos Estados Unidos, que a fome no território é resultado direto de “ação humana”.

      Relacionados

      Carregando anúncios...