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EUA incluem Brasil em lista de observação de tráfico de pessoas

Relatório aponta falhas no combate à exploração e ameaça sanções caso avanços não sejam comprovados

Bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos (Foto: Embaixada dos EUA/Divulgação)

247 – O Departamento de Estado dos Estados Unidos incluiu nesta segunda-feira (29) o Brasil e a África do Sul na chamada Lista de Observação de Tráfico de Pessoas, citando falhas na demonstração de avanços no enfrentamento desse crime. A informação foi publicada pela Agência Brasil com base no relatório anual sobre Tráfico de Pessoas, que avalia o combate ao trabalho forçado, tráfico sexual e outras formas de escravidão moderna em todo o mundo.

Segundo o documento, Brasil e África do Sul foram transferidos para a Lista de Observação de Nível 2, categoria que exige a demonstração de esforços adicionais sob pena de sofrer sanções impostas pelos Estados Unidos. No caso brasileiro, o relatório afirma que o governo iniciou menos investigações e processos do que em anos anteriores, além de registrar queda nas condenações por tráfico.

Relações bilaterais e sanções

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já havia imposto tarifas a produtos brasileiros, restrições de visto a autoridades e sanções financeiras em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em relação à África do Sul, o documento reconhece iniciativas relevantes, como a criação da primeira equipe subprovincial de combate ao tráfico e a condenação de mais criminosos, mas ressalta que o país identificou menos vítimas, abriu menos investigações e reduziu o número de processos.

Trump também acusou a África do Sul, sem apresentar provas, de perseguir a minoria branca do país. Ele lançou um programa de acolhimento para refugiados sul-africanos brancos e aplicou tarifas pesadas ao país.

Declarações oficiais

O secretário de Estado, Marco Rubio, declarou em comunicado que “o tráfico de pessoas é um crime horrível e devastador que também enriquece organizações criminosas transnacionais e regimes imorais e antiamericanos”. Rubio acrescentou que “o governo Trump se dedica a defender os valores americanos, proteger os trabalhadores americanos e defender nossas comunidades”. O comunicado, no entanto, não detalhou a situação específica de cada país.

Críticas ao atraso e demissões

O relatório foi divulgado com quase três meses de atraso em relação ao cronograma original. Parlamentares democratas manifestaram preocupação com a demora e com a redução drástica da equipe responsável pela elaboração do documento.

De acordo com o subsecretário de Estado para Gestão e Recursos, Michael Rigas, o Escritório de Monitoramento e Combate ao Tráfico de Pessoas sofreu corte de 71% no número de funcionários, após demissão em massa de 1,3 mil servidores no início deste ano. Questionado em audiência no Congresso pela parlamentar Sarah McBride, Rigas afirmou que os cortes se concentraram em profissionais ligados à produção de relatórios.

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