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EUA e China vão retomar diálogo econômico em Madri

Encontro em Madri busca aliviar tensões comerciais e debater tarifas, exportações e TikTok

O vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, também membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China, aperta a mão do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, antes da primeira reunião do mecanismo de consulta econômica e comercial China-EUA, em Londres, em 9 de junho (Foto: Xinhua)

247 - Na próxima semana, representantes dos Estados Unidos e da China se reunirão em Madri para uma nova rodada de negociações de alto nível sobre comércio, tarifas e questões de segurança econômica. A informação foi confirmada tanto pelo Departamento do Tesouro dos EUA quanto pelo Ministério do Comércio da China, segundo noticiou o South China Morning Post.

Os encontros, que terão duração de quatro dias a partir de domingo, serão conduzidos pelo secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, e pelo vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng. De acordo com comunicado de Pequim, a pauta incluirá temas como as tarifas unilaterais impostas por Washington, o uso de controles de exportação e a polêmica envolvendo o aplicativo TikTok.

TikTok no centro da disputa

O Congresso dos EUA aprovou no ano passado um banimento nacional do TikTok, caso a empresa chinesa ByteDance não vendesse sua participação majoritária. Apesar de a Suprema Corte ter mantido a decisão, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prorrogou o prazo três vezes, estabelecendo agora a data limite de 17 de setembro.

Em resposta, o Ministério do Comércio da China afirmou que a posição de Pequim “é clara e consistente”. Segundo a nota, “a China é firme em proteger os direitos legítimos de suas empresas e analisará a questão do TikTok conforme as leis e regulamentos”. O governo chinês também frisou que “nunca exigiu nem exigirá que qualquer empresa ou indivíduo forneça dados localizados em outros países em violação às legislações locais”.

Tarifas e pressões externas

As negociações ocorrem após sucessivas rodadas em Genebra, Londres e Estocolmo, que resultaram na prorrogação da suspensão de tarifas até novembro. Trump aprovou a extensão em 12 de agosto, sinalizando uma trégua parcial na escalada comercial.

Michael Froman, presidente do Conselho de Relações Exteriores em Nova York, avaliou que a China passou a explorar seus pontos de pressão sobre os EUA. Ele citou como exemplo a suspensão da exportação de terras raras em resposta às tarifas impostas por Trump. “Foi um tiro de advertência que levou à redução de tensões e às últimas rodadas de conversas”, declarou.

Apesar de alguns avanços, a carga tarifária média sobre produtos chineses permanece em torno de 55%. Um acordo firmado em junho permitiu que Washington reduzisse parcialmente impostos e Pequim retomasse parte das exportações de minerais estratégicos, além da flexibilização norte-americana sobre semicondutores de baixo valor agregado.

Tensões globais e cenário político

A pressão dos EUA também se estende a seus aliados. Washington tem incentivado a União Europeia e o G7 a impor tarifas significativas contra China e Índia, em resposta à importação de petróleo russo. Paralelamente, o governo mexicano anunciou tarifas de até 50% sobre mais de 1.500 produtos, atingindo diretamente exportadores chineses.

Froman alertou que, se questões estruturais como subsídios estatais, excesso de capacidade produtiva e propriedade intelectual não forem resolvidas, “a economia dos EUA permanecerá em grande parte fechada às exportações chinesas”. Ele acrescentou que outras economias emergentes — como Brasil, Indonésia, Índia e África do Sul — também manifestam preocupação com a entrada de produtos chineses em seus mercados.

Com a expectativa de um encontro entre o presidente Xi Jinping e Donald Trump em outubro, pairam dúvidas sobre possíveis resultados concretos. “Fico confuso sobre onde a administração Trump realmente se posiciona em relação à China”, disse Froman, destacando que há divisões internas em Washington sobre a estratégia a seguir.

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