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EUA e China tentam evitar escalada da guerra comercial e salvar encontro entre Trump e Xi na Malásia

Negociadores de Washington e Pequim buscam reduzir tensões sobre tarifas, controles de exportação e restrições a minerais raros

EUA e China tentam evitar escalada da guerra comercial e salvar encontro entre Trump e Xi na Malásia (Foto: Gerada por IA/DALL-E)

247 – Altos funcionários econômicos dos Estados Unidos e da China se reuniram neste sábado (25) em Kuala Lumpur, na Malásia, em uma tentativa de evitar uma nova escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e garantir a realização do aguardado encontro entre o presidente Donald Trump e o presidente Xi Jinping. A informação foi publicada pela agência Reuters.

As conversas ocorreram à margem da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e buscam redefinir o rumo das negociações após Trump ameaçar impor novas tarifas de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro. A medida seria uma resposta às amplas restrições impostas por Pequim à exportação de ímãs e minerais de terras raras, considerados vitais para a indústria tecnológica e militar.

Negociações sob pressão

De acordo com a Reuters, as restrições chinesas e a ampliação da lista negra norte-americana de exportações — que agora inclui milhares de empresas chinesas — colocaram em risco uma trégua comercial frágil costurada em quatro rodadas de reuniões desde maio, lideradas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, pelo representante comercial Jamieson Greer e pelo vice-premiê chinês He Lifeng.

O principal negociador chinês, Li Chenggang, também participa dos encontros realizados na torre Merdeka 118, o segundo edifício mais alto do mundo. Os governos de ambos os países e as autoridades malaias divulgaram poucos detalhes sobre as conversas e não anunciaram planos para informar a imprensa sobre seus resultados.

Expectativas para o encontro entre Trump e Xi

Os três principais negociadores buscam preparar terreno para o encontro entre Trump e Xi, previsto para a próxima quinta-feira (30) durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), na Coreia do Sul. A reunião deve tratar de alívios tarifários, controles tecnológicos e possíveis retomadas das compras chinesas de soja norte-americana.

Antes de embarcar em sua viagem de cinco dias pela Ásia — com paradas na Malásia, Japão e Coreia do Sul —, Trump afirmou que pretende abordar temas como a suspensão das compras chinesas de soja dos Estados Unidos, a questão de Taiwan e o caso do magnata da mídia de Hong Kong Jimmy Lai, preso sob acusações consideradas por Washington uma repressão às liberdades na região.

“Temos muito a discutir com o presidente Xi, e ele tem muito a discutir conosco. Acredito que teremos uma boa reunião”, declarou Trump antes da decolagem do Air Force One.

Disputas tecnológicas e minerais estratégicos

Especialistas acreditam que o principal desafio das negociações será a disputa sobre os controles de exportação de tecnologia dos EUA e as restrições chinesas às terras raras — elementos essenciais para a produção de chips, baterias e equipamentos militares.

Josh Lipsky, do Atlantic Council, afirmou à Reuters que “Bessent, Greer e He precisam encontrar uma forma de mitigar essa disputa”, embora reconheça que Pequim dificilmente abrirá mão de seu principal instrumento de pressão. Já Scott Kennedy, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), observou que o resultado do encontro entre Trump e Xi definirá o rumo das relações comerciais. “Se fizerem um acordo, o risco compensará. Se não, todos precisarão se preparar para uma deterioração ainda maior”, disse.

Trégua frágil à beira do colapso

A primeira reunião entre os negociadores, em Genebra, em maio, resultou em uma trégua de 90 dias que reduziu as tarifas para cerca de 55% do lado norte-americano e 30% do lado chinês, permitindo a retomada parcial do comércio de ímãs. O acordo foi prorrogado em encontros posteriores em Londres e Estocolmo, mas estava prestes a expirar em 10 de novembro.

No fim de setembro, a trégua começou a ruir quando o Departamento de Comércio dos EUA ampliou a lista de sanções para incluir automaticamente empresas com participação majoritária de firmas já proibidas, afetando milhares de companhias chinesas. Em resposta, Pequim anunciou em 10 de outubro novas restrições à exportação de terras raras, com o objetivo de impedir seu uso em sistemas militares.

Bessent e Greer criticaram duramente a medida, classificando-a como uma “tentativa de controle global da cadeia de suprimentos”. Fontes próximas ao governo informaram à Reuters que a administração Trump considera impor novas restrições a exportações de tecnologia sensível, como softwares, motores a jato e laptops.

A tensão aumentou ainda mais na sexta-feira (24), quando Washington anunciou uma nova investigação sobre a suposta violação, por parte da China, dos compromissos assumidos no acordo comercial de “Fase Um”, assinado durante o primeiro mandato de Trump.

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