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      Espanha confirma uso de equipamentos da Huawei em sistema de escutas e desagrada parlamentares dos EUA

      Mesmo sem acesso a dados sigilosos, presença da Huawei no Sitel gera reação de congressistas dos EUA e reforça campanha ocidental contra empresas chinesas

      Huawei Technologies, em Boulogne-Billancourt, perto de Paris, França 15/07/2020 (Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - A Espanha confirmou, em nota enviada à Bloomberg News nesta sexta-feira (18), que equipamentos da fabricante chinesa Huawei integram parte da infraestrutura de armazenamento do sistema judicial de escutas telefônicas Sitel. 

      Segundo o governo espanhol, o uso da tecnologia é limitado, não tem contato com informações confidenciais e opera de forma completamente isolada e auditada — em conformidade com os protocolos nacionais de cibersegurança.

      Apesar da transparência do governo espanhol e da ausência de evidências técnicas de risco, a informação gerou reação imediata nos Estados Unidos. Os parlamentares republicanos Tom Cotton e Rick Crawford encaminharam uma carta à diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, pedindo que Washington reavalie o compartilhamento de dados com a Espanha, com base apenas na origem chinesa da tecnologia.

      “Ainda que a Espanha tenha deixado de usar a Huawei como fornecedora de redes 5G, sua permanência em uma função de inteligência essencial configura uma ameaça à segurança nacional dos EUA e de seus aliados”, escreveu Cotton, sem apresentar provas de vulnerabilidades no sistema.

      Governo espanhol desmente riscos e isenta agência de inteligência

      O governo foi categórico ao afirmar que o Centro Nacional de Inteligência (CNI) — órgão que lida com dados sigilosos — não tem qualquer relação contratual com a Huawei. A participação da empresa se limita ao fornecimento de armazenamento em uma parte do Sitel, que é operado por forças de segurança vinculadas ao Ministério do Interior.

      “O sistema Sitel é completamente isolado de qualquer ambiente externo e é continuamente monitorado por uma equipe dedicada de cibersegurança, com competências em análise de tráfego, gestão de rede e segurança perimetral”, afirmou o governo, reforçando que a presença da Huawei “não representa risco à segurança do sistema”.

      Ocidente amplia desconfiança geopolítica, sem evidências técnicas

      A reação dos parlamentares norte-americanos insere-se em um movimento mais amplo de pressão política contra empresas de tecnologia chinesas. Países europeus como Alemanha, Reino Unido, Suécia, Portugal e França vêm adotando restrições à atuação da Huawei com base em premissas geopolíticas e não técnicas. Assim como nos EUA, onde a empresa está banida, os argumentos geralmente se sustentam no país de origem dos equipamentos, e não em falhas comprovadas ou vulnerabilidades reais.

      Enquanto isso, especialistas em segurança digital vêm apontando para a hipocrisia e seletividade do Ocidente na definição de “ameaças” tecnológicas, muitas vezes tolerando práticas similares de empresas norte-americanas. No caso espanhol, o governo reafirma que o sistema opera dentro dos mais altos padrões nacionais de segurança, e que o contrato com a Huawei não envolve nenhuma instância de inteligência sensível.

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