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      Erdogan denuncia plano para redesenhar o Oriente Médio: ‘Não permitiremos novo Sykes-Picot com fronteiras desenhadas em sangue’

      Presidente da Turquia atacou ofensiva israelense, exigiu união do mundo islâmico e ampliou alinhamento com Irã e Síria na cúpula da OCI em Istambul

      O presidente turco, Tayyip Erdogan, na cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Brasil 19/11/2024 REUTERS/Pilar Olivares (Foto: REUTERS/Pilar Olivares)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - Durante a 51ª sessão do Conselho de Ministros das Relações Exteriores da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), realizada neste sábado (21) em Istambul, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, lançou um forte alerta contra o que classificou como um plano imperialista para redesenhar o mapa do Oriente Médio com base em violência e dominação. 

      Segundo a reportagem publicada pelo site Press TV, Erdogan exortou os países muçulmanos a resistirem à expansão da campanha militar israelense e à fragmentação da resistência regional promovida por potências ocidentais.

      “Não permitiremos o estabelecimento de uma nova ordem Sykes-Picot em nossa região com fronteiras desenhadas em sangue”, afirmou o líder turco. O presidente denunciou ainda o cerco prolongado contra Gaza, que já dura 21 meses, qualificando-o como genocida e comparando suas consequências às maiores tragédias históricas da humanidade. “Dois milhões de nossos irmãos e irmãs em Gaza têm lutado para sobreviver nessas condições”, disse ele.

      O que foi o acordo Sykes-Picot?

      Assinado em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, o Acordo Sykes-Picot é amplamente reconhecido como um marco do colonialismo europeu no Oriente Médio. Negociado em segredo entre Reino Unido e França, com o aval da Rússia czarista, o pacto previa a partilha das províncias árabes do Império Otomano em esferas de influência ocidental, desconsiderando por completo a vontade e a autodeterminação dos povos da região. 

      O mapa resultante traçou fronteiras artificiais que favoreceram os interesses estratégicos de Londres e Paris, consolidando domínios britânicos sobre o atual sul do Iraque, Jordânia e Palestina, e franceses sobre o norte do Iraque, Síria e Líbano. Décadas depois, o acordo é apontado como origem de tensões geopolíticas persistentes e símbolo da imposição de uma ordem internacional baseada na força e no desprezo pelas realidades locais.

      Ataque a instalações nucleares iranianas desencadeia reação na OCI

      O discurso de Erdogan ocorreu no mesmo dia em que o chanceler iraniano Abbas Araghchi chegou a Istambul, após a realização de um ataque aéreo israelense contra instalações nucleares iranianas, monitoradas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Araghchi classificou o bombardeio como uma violação flagrante do direito internacional e um “crime imperdoável”. “De acordo com nosso legítimo direito à autodefesa, a República Islâmica responderá à agressão israelense como considerar apropriado”, afirmou.

      O ministro iraniano instou os membros da OCI a adotarem uma posição firme diante das provocações israelenses, alertando que os riscos extrapolam as fronteiras do Irã e ameaçam a estabilidade de toda a região. A delegação iraniana solicitou e teve aprovada uma sessão emergencial, culminando em uma declaração conjunta dos países islâmicos que condena o ataque e exige o fim imediato de quaisquer ações militares contra instalações nucleares. O texto reforça ainda a demanda histórica por uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio e responsabiliza Israel por manter um arsenal atômico sem aderir ao Tratado de Não Proliferação (TNP).

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