No Canadá, Trump afirma que Irã quer negociar trégua e alega que país “não está vencendo a guerra”
Presidente dos EUA evita comentar participação militar enquanto bombardeios entre Irã e Israel entram no quarto dia e aumentam temor de guerra regional
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (16) que o Irã demonstrou interesse em iniciar negociações para conter a escalada militar com Israel, mas destacou que a disposição iraniana chega tarde.
“Eles gostariam de conversar, mas deveriam ter feito isso antes”, disse o mandatário durante reunião com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, na cúpula do G7, em Kananaskis, Alberta. As declarações foram publicadas pelo Wall Street Journal.
Trump também avaliou que Teerã está em desvantagem no atual confronto. “É doloroso para ambos os lados, mas eu diria que o Irã não está vencendo esta guerra”, afirmou. Ao ser questionado sobre uma eventual ampliação do envolvimento militar dos EUA, o presidente norte-americano desconversou: “Não quero falar sobre isso”.
As falas de Trump ocorreram no mesmo dia em que o Wall Street Journal e a Reuters noticiaram que o Irã estaria disposto a retomar as negociações sobre seu programa nuclear com os Estados Unidos, desde que a Casa Branca não se envolva diretamente nas ações militares de Israel. Segundo os veículos, a mensagem foi transmitida a Washington por meio de autoridades do Catar, da Arábia Saudita e de Omã.
Conflito já provocou centenas de mortes
Enquanto os sinais de recuo diplomático circulavam nos bastidores, os combates entre os dois países entraram no quarto dia consecutivo. O governo iraniano informou que 224 pessoas já morreram desde a última sexta-feira, em sua maioria civis. Do lado israelense, os ataques iranianos deixaram 24 mortos e 592 feridos, segundo dados do gabinete de imprensa do governo de Israel.
O confronto teve início após ataques aéreos israelenses a instalações militares e nucleares no Irã, que resultaram na morte de generais e cientistas de alto escalão. Desde então, Tel Aviv tem mantido superioridade aérea sobre Teerã, segundo autoridades israelenses, e ampliado os bombardeios na capital iraniana.
Em resposta, o Irã lançou múltiplos mísseis e drones contra alvos israelenses. Um dos projéteis atingiu a região do consulado dos EUA em Tel Aviv, causando danos materiais, mas sem feridos, de acordo com o embaixador norte-americano Mike Huckabee.
Clima de tensão e danos colaterais
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reforçou em ligação com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que não pretende ampliar o conflito, mas prometeu reação proporcional a cada novo ataque israelense. “Não buscamos escalar o conflito, mas responderemos a qualquer agressão ao solo iraniano de forma a fazê-los se arrepender”, declarou Pezeshkian, conforme a agência semi-oficial Mehr.
Apesar do discurso de contenção, o Irã também ameaça “um golpe maior” contra Israel, segundo um alto funcionário de segurança citado pela imprensa iraniana. O sinal de alerta se intensificou com relatos de danos na sede da televisão estatal iraniana, após um bombardeio israelense.
Impacto global e risco de guerra regional
A intensidade dos ataques elevou os temores de uma guerra de maiores proporções no Oriente Médio. Analistas apontam que o embate entre Irã e Israel, que por anos se manteve em nível de guerra velada, atingiu um novo patamar, com riscos de arrastar outros países e provocar uma crise energética mundial.
A movimentação de navios no Estreito de Hormuz e no Golfo Pérsico foi prejudicada no fim de semana, com falhas nos sistemas de navegação, aumentando o risco de colisões. O mercado internacional reagiu às notícias com queda nos preços do petróleo — o barril tipo Brent recuou 4%, após alta de 10% na sexta-feira — e valorização de títulos públicos norte-americanos.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou danos significativos à instalação de conversão de urânio em Isfahan, no sul do Irã. O vice-chanceler iraniano Kazem Gharibabadi declarou à televisão estatal que “não cooperaremos mais com a agência como fazíamos antes”.
Enquanto cresce o isolamento do Irã, aliados históricos como o Hezbollah permanecem ausentes do conflito, enfraquecendo a estratégia de resistência regional de Teerã. A ausência da milícia libanesa, tradicional linha de frente pró-Irã, evidencia os limites da resposta iraniana no atual cenário.
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