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Envio de mísseis Tomahawk a Kiev ameaça diálogo entre Rússia e EUA, diz Lavrov

Chanceler russo também criticou a postura europeia de transformar o conflito na Ucrânia em uma “guerra de Trump”

Sergey Lavrov (Foto: Sergey Savostianov/TASS)

247 - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que o eventual fornecimento de mísseis Tomahawk a Kiev teria consequências devastadoras para as relações bilaterais. O chanceler acusou a União Europeia de tentar transformar o conflito na Ucrânia em uma “guerra de Trump”. 

“Isso representará um golpe colossal nas perspectivas de normalização das relações entre Rússia e Estados Unidos, e na superação do impasse total em que a administração Biden as colocou”, afirmou. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal Kommersant e reproduzidas pela agência russa TASS nesta quarta-feira (15).

“Jamais imaginei que a Europa estivesse tão ansiosa para destruir suas relações com os Estados Unidos. A Europa está provando que, de fato, foi a fonte e a iniciadora de todas as guerras mundiais e outras, incluindo as coloniais e as guerras de escravidão”.

De acordo com o ministro russo, “a Europa quer transformar isso em uma guerra de Trump o mais rápido e de forma mais confiável possível”. O chanceler também afirmou que os europeus e o presidente ucraniano Vladimir Zelensky estariam impondo ultimatos ao atual presidente dos Estados Unidos.

Na entrevista, o chanceler ironizou as acusações europeias de que a Rússia estaria envolvida em incidentes com drones. “O que mais eles já não nos acusaram? Drones voando como moscas? Nenhum dos drones carregava carga bélica”.

Alasca

O chanceler disse que autoridades do seu país e dos Estados Unidos ainda não planejam contatos de alto nível após a cúpula pesidencial do Alasca. A região fica no extremo noroeste da América do Norte e separa a costa oeste do continente do território russo. 

De acordo com o ministro, Moscou aguarda respostas concretas de Washington sobre os resultados do encontro. 

Os EUA compraram o Alasca da Rússia em 1867 por cerca de US$ 156 milhões. O Alasca foi incorporado oficialmente aos EUA em 1959. Ao decorrer das décadas, russos criticaram a forma como o processo de compra e alegaram irregularidades. 

“Os contatos de trabalho continuam por vários canais sobre diferentes temas. Contatos de alto nível ainda não estão planejados. Ainda esperamos uma resposta concreta aos resultados das negociações no Alasca”, disse Lavrov.

Segundo ele, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que precisava consultar seus aliados antes de avançar nas tratativas. “O processo de consultas parece estar em andamento”, acrescentou o ministro.

Dólar

O ministro também observou que, desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca, não houve medidas concretas para restaurar a confiança no dólar. “Os processos de afastamento do dólar continuam nos BRICS, na Organização para Cooperação de Xangai e na CELAC”, disse.

Uma das principais frentes de resistência à hegemonia norte-americana político econômica em nível mundial, o BRICS discute a implementação de uma moeda comum entre os países do grupo, o que reduziria a dependência do dólar em boa parte das transações internacionais. 

Relações com a China e Merkel

Lavrov descartou qualquer possibilidade de aliança da Rússia contra a China. “Essa ideia não pode sequer passar pela cabeça de alguém”, afirmou. Ele acrescentou que a proposta de conversas trilaterais entre Rússia, Estados Unidos e China sobre estabilidade estratégica segue em pauta.

O chanceler ainda se disse surpreso com a mudança de postura da ex-chanceler alemã Angela Merkel, que passou a apoiar os discursos “revanchistas” do atual chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, líder da direita no país europeu. 

“Depois de se aposentar, ela de repente começou a apoiar os slogans revanchistas de Merz. Fiquei surpreso ao vê-la falar com entusiasmo sobre sua tirada sobre uma ‘nova Alemanha forte’”.

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