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Embaixador britânico nos EUA foi um dos principais aliados de Epstein, revelam e-mails

Documentos obtidos pela Bloomberg mostram que Peter Mandelson manteve contato próximo com Jeffrey Epstein e chegou a oferecer apoio no processo judicial

Jeffrey Epstein (Foto: Reprodução)

247 – O embaixador do Reino Unido em Washington, Peter Mandelson, está no centro de uma nova polêmica após a Bloomberg News revelar mais de 100 e-mails inéditos trocados entre ele e Jeffrey Epstein entre 2005 e 2010. Os documentos reforçam que a relação entre o político trabalhista e o financista, condenado por crimes sexuais, foi mais profunda e duradoura do que se sabia até agora.

Segundo a reportagem da Bloomberg, Mandelson, que foi nomeado embaixador britânico nos Estados Unidos em 2025, não apenas demonstrou solidariedade a Epstein, como chegou a oferecer ajuda para tratar de seu caso judicial com contatos de alto nível. Em junho de 2008, na véspera de Epstein se apresentar à prisão na Flórida, Mandelson escreveu: “I think the world of you and I feel hopeless and furious about what has happened” (“Eu acho o mundo de você e me sinto impotente e furioso com o que aconteceu”).

Apoio mesmo após denúncias públicas

Os e-mails mostram que, mesmo depois das primeiras denúncias contra Epstein em 2006, Mandelson manteve apoio firme. Em uma mensagem de fevereiro de 2008, o então comissário europeu de Comércio escreveu: “You are fighting back so you need strategy, strategy, strategy. Remember the Art of War” (“Você está lutando, então precisa de estratégia, estratégia, estratégia. Lembre-se da Arte da Guerra”).

Outros trechos revelam conversas sobre encontros com figuras não identificadas, mencionadas como “mr. big” e “your guy”, sugerindo tentativas de influenciar discussões jurídicas envolvendo Epstein. Embora não haja detalhes sobre quem seriam essas pessoas, os registros apontam para a atuação de Mandelson em favor do financista.

Relação pessoal e troca de presentes

Além das questões legais, os e-mails indicam uma amizade de caráter pessoal. Mandelson chegou a enviar livros a Epstein, que em troca lhe presenteou com uma câmera. As mensagens também tratam de encontros sociais, viagens e dificuldades pessoais. Em 2006, Mandelson escreveu a Epstein pedindo apoio durante um “terrible situation” em sua vida privada, ao que recebeu como resposta: “of course” (“claro”).

Arrependimento público

Após a divulgação da reportagem da Bloomberg, Mandelson reconheceu, em entrevista ao jornal britânico The Sun, sentir “um tremendo senso de arrependimento” por ter mantido contato com Epstein. “Lamento não apenas ter o conhecido, mas também ter continuado a relação e ter acreditado nas mentiras que ele contou a mim e a tantos outros”, afirmou. O embaixador admitiu ainda que houve “muito tráfego, correspondência, trocas” com Epstein, reconhecendo que tais registros seriam “embaraçosos”.

Pressão política em Londres e Washington

A revelação dos e-mails provocou questionamentos no Parlamento britânico sobre a indicação de Mandelson ao cargo de embaixador em Washington, uma das funções diplomáticas mais prestigiadas do Reino Unido. O primeiro-ministro Keir Starmer saiu em defesa do aliado: “O embaixador expressou repetidamente seu profundo arrependimento pela associação. Ele está certo em fazê-lo. Tenho confiança nele e ele desempenha um papel importante na relação Reino Unido-EUA”, disse.

Mandelson deve participar de um jantar de Estado no Castelo de Windsor na próxima semana, em que o rei Charles receberá o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O encontro acontece em meio à pressão crescente sobre a conduta do diplomata.

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