Diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA é demitida
Susan Monarez foi demitida após confrontos com políticas de vacinas de Kennedy, enquanto quatro altos funcionários do CDC deixaram seus cargos
247 - A recente demissão de Susan Monarez, diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, menos de um mês após sua nomeação, gerou controvérsias no cenário político e de saúde pública do país. A Casa Branca anunciou sua saída na quarta-feira (27), em meio a tensões crescentes relacionadas a mudanças drásticas nas políticas de vacinação promovidas pelo Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr. Além disso, a renúncia de quatro altos funcionários do CDC acrescenta complexidade à situação. A decisão reflete o impacto das novas diretrizes que envolvem desinformação e um crescente afastamento das recomendações científicas.
A demissão de Monarez ocorre em um contexto de mudanças radicais nas políticas de vacinação, com destaque para a retirada de recomendações para vacinas contra a COVID-19 para mulheres grávidas e crianças saudáveis, anunciada por Kennedy em maio deste ano. Essa reestruturação também incluiu a demissão de especialistas do painel consultivo de vacinas do CDC, substituídos por conselheiros alinhados a visões antivacinas. Em suas cartas de renúncia, a diretora médica do CDC, Debra Houry, e o diretor do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias, Demetre Daskalakis, criticaram o governo pela crescente desinformação sobre vacinas e pelo enfraquecimento da agência.
"Recentemente, o exagero dos riscos e o aumento da desinformação custaram vidas", afirmou Houry em sua carta. A ex-funcionária do CDC também apontou que as propostas de corte no orçamento da agência, juntamente com os planos de reorganização de Kennedy, prejudicariam a capacidade do CDC de enfrentar desafios de saúde pública. Segundo Houry, a reestruturação proposta levaria a agência a uma era pré-vacina, colocando em risco a saúde e a segurança da população.
A situação no CDC se agravou com uma série de acontecimentos recentes, incluindo um tiroteio nas instalações da agência em Atlanta, que gerou protestos de sindicatos representando os funcionários. Eles apontaram que o incidente foi o reflexo de meses de negligência e hostilidade contra os trabalhadores do CDC. Em sua carta de renúncia, Daskalakis, que também deixou o cargo, acusou o governo de "armar" a saúde pública para atender a interesses políticos.
A Casa Branca, por meio de seu porta-voz Kush Desai, afirmou que Monarez não estava alinhada com a agenda do presidente Donald Trump de "tornar a América saudável novamente", o que teria motivado sua demissão. Os advogados de Monarez, por outro lado, refutaram essas alegações, dizendo que ela não havia renunciado e que se recusava a apoiar diretrizes "não científicas" promovidas por Kennedy. Em um comunicado, os advogados também acusaram o Secretário de Saúde de persegui-la por sua postura científica e ética.
Essas mudanças no CDC coincidem com a contínua controvérsia envolvendo as declarações de Kennedy sobre vacinas, especialmente a sua promoção de teorias desacreditadas que vinculam vacinas ao autismo. Durante um evento recente, Kennedy anunciou que novas medidas sobre o autismo seriam divulgadas em setembro, prometendo mudanças significativas em relação ao tratamento e pesquisa sobre a condição. A política de vacinação da administração de Trump tem sido uma constante fonte de conflito, especialmente com a abordagem mais científica e focada na saúde pública de Monarez.
Enquanto isso, a saúde pública nos Estados Unidos segue sob intensa pressão, com políticas e controvérsias que continuam a dividir opiniões. As renúncias no CDC são um reflexo de um momento delicado para a agência e para as políticas de saúde do país, em um cenário em que a desinformação e os desafios políticos parecem ser tão prejudiciais quanto as próprias doenças que o CDC visa combater.