China avisa EUA que tática da chantagem e da coerção não irá funcionar

247 - Em resposta às recentes iniciativas de aproximação por parte de Washington, o governo chinês adotou um tom firme e deixou claro que não aceitará negociações baseadas em chantagens ou coerções. A advertência partiu do Ministério do Comércio da China, após os Estados Unidos procurarem autoridades chinesas por diversos canais para discutir a atual política tarifária entre os dois países.

Segundo nota publicada pela Embaixada da China nos Estados Unidos nesta sexta-feira (2), “a China está avaliando a situação”, embora reconheça que “os EUA têm feito diversos contatos por canais relevantes expressando o desejo de diálogo sobre as tarifas”. No entanto, Pequim condiciona qualquer avanço a uma mudança real por parte dos americanos. “Se os EUA não corrigirem suas medidas tarifárias unilaterais equivocadas, isso demonstrará total falta de sinceridade e minará ainda mais a confiança mútua”, advertiu o ministério.

A declaração é uma resposta direta ao que o governo chinês interpreta como uma manobra estratégica da Casa Branca para aliviar pressões internas. “Dizer uma coisa e fazer outra, ou até tentar usar as negociações como disfarce para coerção e chantagem, não funcionará com a China”, reforçou a nota.

Trump muda tom diante de cenário econômico desfavorável - O endurecimento do discurso chinês ocorre no mesmo momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem adotando discretas medidas de moderação em sua política econômica externa. Desde janeiro, quando iniciou seu segundo mandato, o republicano intensificou uma série de tarifas sobre importações, especialmente contra China e México, como parte de sua estratégia protecionista. No entanto, indicadores negativos e pressões de setores produtivos têm forçado a Casa Branca a recalibrar sua postura.

Reportagem da Yuyuantantian, ligada à Televisão Central da China (CCTV), revela que as tentativas de diálogo foram iniciadas por Washington e refletem “a crescente ansiedade do governo Trump” diante dos impactos do tarifaço. “A China não precisa conversar com os EUA até que estes tomem medidas significativas”, publicou o perfil oficial do veículo no Weibo. “Do ponto de vista da negociação, os EUA são claramente a parte mais ansiosa no momento".

Entre os recuos, Trump assinou uma ordem executiva que suaviza as tarifas sobre automóveis, atendendo a pedidos de montadoras e fornecedores que alertaram para o risco de aumento de preços, demissões e fechamento de fábricas.

Pressões domésticas e sinais de recessão alimentam mudança de postura - Os movimentos de recuo surgem em meio ao agravamento de indicadores econômicos dos EUA. O Departamento de Trabalho informou que os pedidos de seguro-desemprego subiram para 241 mil na última semana de abril, o maior nível desde fevereiro. Ao mesmo tempo, o índice industrial do Instituto de Gestão de Suprimentos (ISM) caiu para 48,7 pontos — abaixo da linha dos 50, que separa crescimento de contração —, e o subíndice de produção despencou para 44.

As consequências da guerra comercial também atingem grandes empresas. A General Motors reduziu sua estimativa de lucro para 2025, projetando ganhos entre US$ 10 bilhões e US$ 12,5 bilhões, muito abaixo da previsão anterior de US$ 15,7 bilhões. A Amazon e o McDonald’s também registraram resultados aquém do esperado.