Celso Amorim pede cautela nas negociações Brasil-EUA
Assessor de Lula reconhece otimismo nas negociações, mas diz que retomada do diálogo foi apenas o primeiro passo
247 - O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, avaliou neste sábado (18) que o Brasil vive um momento de otimismo em relação ao diálogo com os Estados Unidos. Em entrevista concedida à GloboNews, ele destacou que houve um “quebra-gelo” nas conversas entre os dois países e que o “respeito mútuo” foi restabelecido.
No entanto, Amorim ponderou que a relação com a administração do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, precisa ser conduzida com “realismo” e “cautela”. O diplomata ressaltou que os recentes avanços ainda representam apenas o início de um processo de negociações.
“Estou otimista, mas com realismo e cautela. O gelo foi quebrado. E o respeito mútuo restabelecido. Isso é importante. Mas são apenas os primeiros passos”, afirmou o assessor, considerado um dos principais conselheiros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na condução da política externa.
Encontros diplomáticos e expectativas
Na sexta-feira (17), Amorim participou de uma reunião no Palácio da Alvorada para discutir as estratégias brasileiras nas tratativas com o governo norte-americano. Uma possível conversa entre Lula e Donald Trump pode ocorrer durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia, prevista para o fim de outubro. A confirmação, no entanto, depende da compatibilidade das agendas dos dois líderes.
O papel dos minerais críticos
Um dos pontos centrais das futuras negociações é a questão dos minerais críticos e das chamadas terras raras, insumos estratégicos para a indústria tecnológica e para a transição energética global. Sobre o tema, Amorim destacou a necessidade de manter o foco nos interesses nacionais. “O importante é desenvolver uma política que priorize nossas próprias necessidades. O presidente está atento a isso”, disse.
Os minerais críticos têm ganhado destaque por sua importância em setores estratégicos, como a fabricação de chips, celulares, computadores e equipamentos ligados à energia limpa. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deve discutir o assunto ainda este mês em encontro com o secretário de Energia do governo Trump. Segundo o ministro, Lula orientou a equipe a buscar investimentos internacionais, incluindo os norte-americanos, mas sempre dentro das diretrizes estabelecidas pelas políticas públicas brasileiras.