"Sejamos otimistas", diz Amorim sobre risco de ação militar dos EUA na Venezuela
Diplomata vê risco de intervenção dos EUA, mas aposta em chance de negociação
247 - O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, avaliou que não seria realista descartar uma possível interferência dos Estados Unidos na crise venezuelana. A declaração foi feita em entrevista à CNN Brasil, após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de autorizar a CIA a atuar na Venezuela sob a justificativa de combater o narcotráfico.
Amorim ponderou que ameaças desse tipo muitas vezes são utilizadas como instrumento diplomático para abrir espaço a negociações. “Seria muita ingenuidade afirmar que isso não acontecerá, mas a experiência mostra que a ameaça é levada a um extremo antes de uma negociação. Sejamos otimistas”, afirmou o ex-chanceler.
Brasil mantém vigilância na fronteira
Nos últimos meses, o governo brasileiro tem acompanhado de perto a situação no país vizinho. Tropas continuam mobilizadas em Roraima como medida preventiva diante da possibilidade de instabilidade política. A região é considerada estratégica, tanto pela proximidade geográfica quanto pelo impacto de eventuais crises migratórias.
Maduro reage e critica operação da CIA
Em Caracas, o presidente venezuelano Nicolás Maduro rebateu as movimentações dos Estados Unidos. Em discurso público, afirmou que seu país enfrenta “golpes orquestrados pela CIA” e rejeitou qualquer tentativa de intervenção estrangeira.
Maduro ainda direcionou uma mensagem à população norte-americana pedindo que a escalada militar seja rejeitada. “Quero dizer ao povo dos Estados Unidos: Não à guerra. Não queremos uma guerra no Caribe ou na América do Sul”, declarou.
Expectativa por posicionamento de Washington
Enquanto o Brasil adota postura de cautela, os Estados Unidos ainda não se pronunciaram oficialmente sobre as declarações de Maduro. Segundo a CNN Brasil, o Departamento de Estado foi procurado para comentar, mas não respondeu até o momento.
Autorização para ações da CIA na Venezuela
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a agência de espionagem do país, a CIA, a realizar operações na Venezuela, incluindo ações terrestres, voltadas a tentar derrubar o governo do presidente Nicolás Maduro, segundo o canal RT.
Também na quarta-feira, o jornal The New York Times informou que Trump autorizou operações "letais" contra o alto escalão do governo bolivariano de Maduro, em meio ao aumento da pressão militar dos EUA no Mar do Caribe e da retórica golpista, apoiada por setores da oposição venezuelana.
Ofensiva dos EUA no Caribe
Nas últimas semanas, os Estados Unidos realizaram conco ataques a embarcações venezuelanas, alegando um suposto envolvimento com o narcotráfico. Os ataques deixaram ao menos 27 mortos. Caracas denuncia os bombardeios como “ameaça” e tentativa de “mudança de regime”. Donald Trump declarou que as operações têm sido tão eficazes que “não há mais barcos” na região próxima à Venezuela.
Ao todo, os EUA enviaram oito navios de guerra, além de cerca de 4 mil fuzileiros navais e um submarino nuclear para o sul do Caribe, próximo à costa venezuelana, sob a justificativa de combater o narcotráfico.