Canadá e países europeus condenam método de entrega de ajuda adotado por Israel em Gaza
Oficiais das Forças de Defesa de Israel teriam recebido ordens para atirar deliberadamente em palestinos desarmados próximos a pontos de distribuição
247 - O governo do Canadá, ao lado de 21 nações europeias, Japão, Austrália e Nova Zelândia, condenou o mecanismo "perigoso" adotado por Israel para entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores do Canadá (Global Affairs Canada, GAC) nesta segunda-feira (21). A reportagem é da Sputnik.
"O sofrimento dos civis em Gaza atingiu novos patamares. O modelo de entrega de ajuda do governo israelense é perigoso, alimenta a instabilidade e priva os habitantes de Gaza de sua dignidade humana. Condenamos o fornecimento de ajuda em gotas e o assassinato desumano de civis, inclusive crianças, que tentam suprir suas necessidades mais básicas de água e comida", diz o comunicado.
Os signatários classificaram como "horrível" o fato de mais de 800 pessoas terem sido mortas enquanto buscavam assistência, e consideraram inaceitável que o Estado judeu negue ajuda essencial à população civil. O documento afirma ainda que Israel deve suspender urgentemente as restrições à entrada de ajuda humanitária e permitir que tanto as Nações Unidas quanto organizações não governamentais desempenhem suas funções de forma eficaz e segura.
Os países também se opuseram ao plano de Israel de alterar a demografia de Gaza por meio da implementação do plano de assentamentos E1, que dividiria um possível Estado palestino em duas partes e prejudicaria as perspectivas de uma solução baseada em dois Estados. Propostas para deslocar palestinos de Gaza para uma suposta cidade humanitária são inaceitáveis, continua a nota.
Em junho, o jornal israelense Haaretz publicou, com base em relatos anônimos de soldados israelenses atuando em Gaza, que oficiais das Forças de Defesa de Israel (FDI) teriam recebido ordens para atirar deliberadamente em palestinos desarmados próximos a pontos de distribuição de ajuda, durante o mês anterior. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Israel Katz, negaram as acusações.
Israel se recusou a cooperar com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). No final de outubro de 2024, o parlamento israelense aprovou leis para proibir as atividades da UNRWA em Israel e nos territórios sob seu controle, após acusar funcionários da agência de envolvimento no ataque do Hamas ocorrido em outubro de 2023. As Nações Unidas afirmam que Israel não apresentou nenhuma evidência para sustentar tais alegações. A lei que proíbe as atividades da UNRWA entrou em vigor em 30 de janeiro.
Ao mesmo tempo, Israel e a Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos EUA, abriram pontos de distribuição de ajuda concentrados no sul da Faixa de Gaza. Em 20 de maio, o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, acusou Israel de usar a ajuda humanitária como instrumento para deslocar forçadamente a população palestina.
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