Brasileiros presos por Israel em flotilha humanitária anunciam greve de fome
Grupo denuncia detenção ilegal, violações de direitos humanos e uso da fome como arma de guerra em Gaza
247 - Brasileiros sequestrados por Israel enquanto participavam de uma flotilha com destino à Faixa de Gaza iniciaram uma greve de fome dentro da prisão em que estão detidos. A informação foi divulgada neste sábado (4) pelo jornalista Jamil Chade, em sua coluna no UOL.
De acordo com os ativistas, a decisão é um ato de resistência diante das condições de encarceramento e da falta de garantias legais no processo judicial. “A greve de fome é uma forma de protesto não violento, historicamente utilizada por pessoas que, privadas de voz ou poder, recorrem ao próprio corpo como instrumento de resistência”, afirmaram em comunicado.
O grupo navegava rumo a Gaza levando ajuda humanitária quando a embarcação foi interceptada em águas internacionais. “Nossos ativistas presos levavam ajuda humanitária à Gaza, e foram impedidos, quando sequestrados pelo governo israelense em águas internacionais, e depois presos ilegalmente, e colocados em uma prisão isolada no deserto. A única forma de se manifestarem é utilizando seu corpo”, denunciaram.
Os detidos também afirmam que a ação é um gesto político de solidariedade ao povo palestino, que enfrenta a escassez de alimentos em meio à guerra. “A declaração, segundo eles, também é um instrumento político de denúncia da fome que assola Gaza, sendo diariamente utilizada como arma de guerra”, acrescentaram.
No comunicado, os ativistas acusam Israel e Estados Unidos de utilizarem a distribuição de alimentos como ferramenta de controle. De acordo com eles, os chamados Centros de distribuição de comida forçam deslocamentos em massa da população faminta para locais onde há risco de ataques militares. “Estes centros foram declarados pela ONU enquanto armadilhas-mortais, que atraem uma população faminta, para corredores de morte, onde são alvejados por militares israelenses”, afirmam.
Outro ponto levantado pelo grupo é a forma como as audiências judiciais vêm sendo conduzidas. Cerca de 200 sessões ocorreram entre a noite de quinta-feira (2) e a manhã de sexta-feira (3), sem aviso prévio aos advogados e sem a presença de defesa legal para a maioria dos detidos.
“É evidente o padrão recorrente de desrespeito sistemático às garantias legais e aos direitos humanos básicos por parte das autoridades israelenses”, disse a organização da flotilha. “A realização de centenas de audiências judiciais sem aviso prévio e sem a presença de defesa legal compromete gravemente o direito a um julgamento justo, previsto em convenções internacionais”, completaram.