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Bernie Sanders acusa Israel de genocídio em Gaza: "a intenção é clara"

Senador dos EUA critica envio de armas a Tel Aviv e cobra cessar-fogo imediato

O senador americano Bernie Sanders (I-VT) gesticula enquanto faz comentários sobre a redução dos custos da saúde, na Sala de Tratados Indianos do edifício do Gabinete Executivo Eisenhower, no complexo da Casa Branca em Washington, EUA, 3 de abril de 2024 (Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein)

247 - O senador norte-americano Bernie Sanders classificou nesta quarta-feira (17) a ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza como um genocídio. A declaração foi publicada pela Al Jazeera um dia após a Comissão de Inquérito da ONU divulgar um relatório no qual concluiu que Israel está cometendo genocídio contra os palestinos.

Sanders, que já foi candidato à presidência dos Estados Unidos e é uma das principais vozes do campo progressista, tornou-se o primeiro senador a usar formalmente o termo. “A intenção é clara. A conclusão é inescapável: Israel está cometendo genocídio em Gaza”, afirmou. O parlamentar citou declarações de autoridades israelenses que pedem a destruição de Gaza, além do aumento no número de mortes e da fome no enclave palestino.

Chamado ao fim da ajuda militar americana

O senador também voltou a defender que Washington interrompa o envio de armamentos e bilhões de dólares em ajuda militar ao governo de Benjamin Netanyahu. “Os Estados Unidos não devem continuar enviando muitos bilhões de dólares e armas ao governo genocida de Netanyahu”, disse.

Sanders pediu ainda a adoção de medidas urgentes: “Devemos usar cada grama da nossa influência para exigir um cessar-fogo imediato, um grande fluxo de ajuda humanitária coordenada pela ONU e os primeiros passos para garantir aos palestinos um Estado próprio”.

Apoio de outras vozes no Congresso

A deputada Becca Balint, que também representa Vermont e é de origem judaica, endossou a acusação de genocídio. Em artigo de opinião, ela declarou: “Neste momento, bebês e crianças pequenas estão morrendo de fome enquanto o governo extremista de Israel continua a bloquear ajuda e a cometer atos de violência contra civis. [...] As ações do governo Netanyahu parecem ser uma destruição sistemática e intencional do povo palestino”.

Apesar da pressão crescente, apenas cerca de 20 parlamentares no Congresso — entre os 535 da Câmara e do Senado — reconheceram publicamente que Israel está cometendo genocídio.

Relatório da ONU detalha crimes

O relatório da Comissão de Inquérito da ONU, divulgado na terça-feira (16), afirma que Israel cumpre quatro dos cinco critérios de genocídio previstos pela Convenção da ONU para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio: assassinato de membros do grupo; imposição de condições de vida destinadas à destruição física; causar danos físicos ou mentais graves; e medidas para impedir nascimentos.

O documento acrescenta que autoridades israelenses manifestaram intenção explícita de eliminar os palestinos. “As vítimas foram alvo coletivo por sua identidade como palestinos”, diz o relatório, que também aponta que o governo sabia que os métodos de guerra utilizados resultariam em mortes em massa, incluindo de crianças.

Israel rejeitou as conclusões, acusando os autores do relatório de antissemitismo. Até agora, mais de 65 mil palestinos foram mortos, segundo dados citados no relatório, e a maior parte do território de Gaza foi reduzida a escombros.

Crescente racha no apoio dos EUA

Nos últimos meses, o debate em Washington tem se intensificado. Em julho, 27 senadores — maioria da bancada democrata — apoiaram a proposta de Sanders para bloquear o envio de armas a Israel. Mais recentemente, os senadores Chris Van Hollen e Jeff Merkley acusaram Tel Aviv de impor a fome como parte de uma política de limpeza étnica.

Para Sanders, a dimensão da crise exige uma resposta global. “O desafio agora é impedir que o mundo mergulhe na barbárie, onde crimes horríveis contra a humanidade possam ocorrer impunemente”, advertiu.

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