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Após proibição de Trump, sindicatos da Nasa atuam na clandestinidade

Decisão do presidente dos EUA veta direito histórico de trabalhadores da agência espacial à negociação coletiva

Após proibição de Trump, sindicatos da Nasa atuam na clandestinidade (Foto: Reprodução/X/NASA Needs Help)

247 - Os sindicatos que representam engenheiros, técnicos e cientistas da Nasa entraram em um período de resistência após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de proibir a negociação coletiva na agência espacial. A ordem executiva, publicada em 28 de agosto, foi apresentada pela Casa Branca como medida de segurança nacional, mas na prática suprimiu direitos históricos de trabalhadores federais em diversos órgãos.

De acordo com reportagem da Bloomberg, a determinação atinge diretamente centros estratégicos da Nasa, como o Goddard Space Flight Center, em Maryland, onde cerca de 1.700 profissionais integram a associação sindical local. No dia 17 de setembro, os dirigentes receberam aviso de despejo e, já no dia seguinte, retiraram arquivos, computadores e móveis de seu escritório, transferindo parte dos materiais para as casas dos próprios funcionários.

Sindicatos expulsos das bases oficiais

O fechamento compulsório das sedes sindicais obrigou as entidades a improvisar. Em Goddard, representantes instalaram um ponto de internet móvel para manter a comunicação e passaram a usar apenas e-mails pessoais, fora dos sistemas da agência. Também criaram canais alternativos, como uma linha de denúncias para gestores intermediários transmitirem informações sobre mudanças que possam afetar os trabalhadores.

Paralelamente, a direção da Nasa suspendeu o desconto automático das contribuições sindicais nos contracheques e retirou do ar a página oficial dedicada às entidades de classe. O endereço agora exibe apenas um erro 404 com a mensagem: “O objeto cósmico que você procurava desapareceu além do horizonte de eventos”.

Reação política e sindical

As duas maiores organizações que representam os empregados da Nasa — a International Federation of Professional and Technical Engineers (IFPTE) e a American Federation of Government Employees (AFGE) — anunciaram que vão contestar a medida na Justiça, no Congresso e junto à sociedade civil.

Matt Biggs, presidente da IFPTE, alertou para o risco de cortes arbitrários no quadro da agência. “Se os sindicatos não estiverem lá, fica muito mais fácil para a Nasa implementar uma redução de força realmente imprudente e perigosa”, afirmou.

Parlamentares democratas também se mobilizaram contra a ordem executiva. O senador Chris Van Hollen, de Maryland, classificou a decisão como mais um passo nos “ataques implacáveis contra trabalhadores federais patrióticos e dedicados”. Já o deputado Suhas Subramanyam, da Virgínia, participou de um protesto em frente à sede da Nasa, organizado pelos sindicatos sob o lema “A Nasa precisa de ajuda”.

Futuro em disputa

Sem o direito à negociação coletiva, os sindicatos perdem instrumentos formais para contestar medidas da administração, como cortes de orçamento e planos de redução de pessoal. A situação se torna ainda mais delicada diante do risco de que o Congresso não aprove o orçamento federal até 1º de outubro, o que pode abrir caminho para cortes profundos dentro da agência.

Enquanto aguardam decisões judiciais e políticas, os sindicatos da Nasa buscam alternativas para manter sua atuação. Parte dos arquivos já foi guardada em residências de trabalhadores e há discussões sobre a locação de depósitos externos, numa tentativa de preservar a estrutura e resistir à ofensiva do governo.

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