Após impasse sobre cessar-fogo, Israel suspende entrada de ajuda humanitária em Gaza
"Nenhum caminhão entrou em Gaza esta manhã e nenhum entrará" até nova ordem, disse Omer Dostri, porta-voz do gabinete de Benjamin Netanyahu
RFI - Desacordos entre Israel e o grupo Hamas sobre o cessar-fogo em vigor levaram o governo israelense a suspender a entrada de mercadorias e suprimentos na Faixa de Gaza, na manhã deste domingo (2). O grupo palestino, que controla o território, denuncia um "crime de guerra", ao interromper a ajuda humanitária essencial a Gaza, e uma violação do acordo de trégua.
Um comunicado do Hamas indica que a medida representa uma "chantagem barata” do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e pede a intervenção da comunidade internacional. "Pedimos aos mediadores que pressionem a ocupação a cumprir com suas obrigações em todas as fases do acordo", disse o grupo islâmico.
Tel Aviv se recusa a iniciar a segunda fase do acordo de cessar-fogo, que deveria começar neste domingo, estimando que não há consenso com o Hamas sobre os detalhes desta próxima etapa.
"Israel não permitirá um cessar-fogo sem a libertação de nossos reféns", disse o gabinete do premiê, ao anunciar a suspensão de todas as entregas de bens e suprimentos para a Faixa de Gaza. "Se o Hamas persistir em sua recusa, haverá consequências adicionais", ameaçou.
"Nenhum caminhão entrou em Gaza esta manhã e nenhum entrará" até nova ordem, escreveu Omer Dostri, porta-voz de Netanyahu, no X. "Os comboios de caminhões de carga atualmente a caminho de Gaza chegam à passagem apenas para descobrir que ela está fechada e a entrada é proibida."
Impacto nas negociações - O líder do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse à Reuters que a decisão da suspensão das entregas impactaria as negociações, acrescentando que o grupo islâmico não "responde à pressão". Os dois lados discordam sobre o que fazer após o fim da primeira fase do acordo de cessar-fogo.
A primeira fase envolveu a entrega de 33 reféns israelenses em troca de cerca de 2.000 prisioneiros e detidos palestinos mantidos em prisões em Israel. Os combates foram interrompidos e as tropas israelenses se retiraram de algumas posições em Gaza.
Tel Aviv aprovou uma proposta de acordo apresentada de última hora por Steve Witkoff, enviado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o Oriente Médio, para resolver o impasse, e exige que o Hamas também concorde. O texto prevê que metade dos reféns mantidos em Gaza, vivos e mortos, sejam libertados no primeiro dia do cessar-fogo e prorrogar a atual trégua até a Páscoa judaica e o ramadã muçulmano, em meados de abril.
A segunda metade dos reféns deve ser solta conforme condições que ainda não foram assinadas. O porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, disse no sábado que o movimento palestino rejeitou a “formulação” de Israel visando prolongar a primeira fase do cessar-fogo em Gaza, mas não mencionou explicitamente a proposta de Steve Witkoff.
O grupo avalia que a sugestão americana equivale a permitir que Israel "se afaste dos acordos que assinou". Fontes egípcias relataram na sexta-feira que a delegação israelense no Cairo procurou prolongar a primeira fase do acordo de cessar-fogo enquanto o Hamas queria passar para a segunda fase.
De acordo com a trégua em vigor, a segunda fase deverá enquadrar as negociações sobre a libertação dos 59 reféns restantes, a retirada total do exército israelense do enclave palestino e o fim completo da guerra. Entretanto, as negociações nunca começaram de fato e Israel condicionou o fim dos combates ao retorno de todos os reféns.
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