“A força não trará a paz ao Oriente Médio”, diz jornal chinês Global Times em editorial
Teerã e Tel Aviv deveriam retomar urgentemente o caminho do diálogo e da diplomacia
247 - O confronto armado entre Israel e Irã está marcada pela ntensificação dos ataques mútuos e alvos cada vez mais sensíveis, como instalações nucleares e refinarias de petróleo. A escalada do conflito preocupa seriamente a comunidade internacional, que teme uma espiral descontrolada de violência no já instável Oriente Médio. O alerta é do jornal chinês Global Times, publicado nesta terça-feira (16)
De acordo com o texto, os bombardeios de Israel sobre áreas estratégicas no sul de Teerã e os ataques iranianos contra Tel Aviv não apenas provocaram mortes e destruição, mas também colocaram em risco a segurança regional e internacional ao atingirem infraestruturas de energia e potenciais áreas nucleares.
O editorial insiste que “a força não trará a paz ao Oriente Médio”, destacando que essa é hoje uma posição consensual entre a maioria dos países e organismos multilaterais. “A tarefa urgente é adotar imediatamente medidas que evitem a escalada do conflito, impeçam a região de mergulhar em um caos ainda maior e restaurem o caminho da diplomacia como método de resolução das disputas.”
O chanceler da China, Wang Yi, que também integra o Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, manteve conversas por telefone com os ministros das Relações Exteriores do Irã e de Israel, apelando para que ambas as partes “resolvam suas diferenças por meio do diálogo”.
Outros atores relevantes também se posicionaram. Rússia, Alemanha, França e Reino Unido se disseram dispostos a intermediar uma negociação. Em postagem nas redes sociais, o secretário-geral da ONU, António Guterres, resumiu a gravidade da situação: “Bombardeios israelenses em instalações nucleares iranianas. Mísseis iranianos atingindo Tel Aviv. Chega de escalada. Hora de parar. Que a paz e a diplomacia prevaleçam.”
A falência da “pressão máxima”
O editorial chinês aponta para um erro recorrente: o uso da chamada “pressão máxima” como ferramenta diplomática. Essa estratégia, defendida e implementada pelos Estados Unidos em diferentes contextos, inclusive no caso iraniano, teria sido um dos principais fatores para o atual impasse.
“A história longa e conturbada do programa nuclear iraniano comprova que nem ações preventivas nem sanções extremas são caminhos viáveis”, avalia o texto. “O momento mais próximo de uma resolução do conflito foi conquistado não com ataques, mas após 13 anos de negociações diplomáticas, que resultaram no acordo nuclear de 2015.”
O documento lembra que, se o acordo não tivesse sido abandonado unilateralmente pelos EUA em 2018, tanto Israel quanto o Irã “estariam claramente muito mais seguros hoje”.
Nesse sentido, a crítica também se dirige aos Estados Unidos, em especial à atuação do presidente do país, Donald Trump. Segundo o Global Times, a Casa Branca não tem desempenhado um papel construtivo para a paz. “O que se vê, historicamente, é que Washington contribui muito pouco para atenuar os conflitos da região e, ao contrário, é pródigo em ações destrutivas”, denuncia o jornal.
A publicação cita ainda a análise do jornal Lianhe Zaobao, de Singapura, que destacou que “os Estados Unidos deram ao Irã 60 dias para fechar um novo acordo nuclear, e Israel lançou seu ataque no 61º dia — sinalizando um jogo de polícia boa e polícia má entre Washington e Tel Aviv”.
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