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Tarcísio imita o pior de Bolsonaro, diz Bernardo Mello Franco

Colunista afirma que declarações insensíveis do governador sobre mortes por metanol revelam tentativa de repetir o estilo debochado e autoritário

Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (Foto: Reprodução / Redes sociais)

247 – O colunista Bernardo Mello Franco, de O Globo, criticou duramente o comportamento do governador Tarcísio de Freitas diante da crise provocada pela intoxicação por metanol em São Paulo, que já resultou em três mortes confirmadas e responde por mais de 80% dos casos registrados no país.

Durante uma coletiva de imprensa, Tarcísio tentou fazer graça ao ser questionado sobre o problema: “No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola, vou me preocupar”. Para Mello Franco, a frase simboliza o desprezo do governador pela dor das vítimas e a tentativa de reproduzir o estilo debochado de Jair Bolsonaro.

Herança política e o deboche como marca

Segundo o colunista, Tarcísio quer se firmar como herdeiro político do ex-presidente — e atual preso domiciliar — Jair Bolsonaro, e para isso parece disposto a imitar os traços mais negativos de seu padrinho.

Mello Franco lembra que Bolsonaro agiu de forma semelhante durante a pandemia de Covid-19, quando ironizou as mortes com frases como “Não sou coveiro, tá?” e “Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”. Agora, observa o jornalista, Tarcísio troca a cloroquina pelo refrigerante, demonstrando o mesmo desprezo pela empatia e pela responsabilidade pública.

Ausência e contradições

A crise do metanol começou no fim de setembro, após o registro de nove casos de intoxicação em São Paulo. Três dias depois, o governador deixou o estado para visitar Bolsonaro em sua prisão domiciliar. Quando retornou, divergiu da Polícia Federal ao descartar o envolvimento do PCC na adulteração das bebidas — mas, como aponta Mello Franco, até hoje não apresentou qualquer explicação concreta sobre o crime.

Linguagem agressiva e ataques institucionais

Bernardo Mello Franco recorda que esse comportamento não é isolado. No ano passado, após uma chacina policial, Tarcísio reagiu às críticas dizendo: “Pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”. Mais recentemente, em meio à condenação de Bolsonaro, o governador incitou um coro contra o Supremo Tribunal Federal, chamando o ministro Alexandre de Moraes de “ditador” e “tirano”.

Para o colunista, essas declarações mostram que o governador adota um discurso agressivo e autoritário como instrumento de projeção política nacional.

Vítimas ignoradas

Enquanto fazia piada sobre refrigerantes, Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, tornava-se a terceira vítima da chamada “quadrilha do metanol”. Moradora de São Bernardo do Campo, ela trabalhava em um salão de beleza e morreu após consumir suco de pêssego com vodca adulterada.

Bernardo Mello Franco ressalta que não há notícia de que Tarcísio tenha se solidarizado com a família. Em vez disso, o governador encerrou sua fala com mais um comentário frio: “A minha é normal”.

Reflexo do bolsonarismo

Ao concluir sua análise, o colunista afirma que as atitudes de Tarcísio de Freitas espelham a face mais sombria do bolsonarismo — o deboche diante da dor, o desprezo pelas instituições e a aposta no conflito como ferramenta de poder.

Para Mello Franco, o governador de São Paulo tenta se afirmar como sucessor político de Bolsonaro, mas, ao reproduzir suas atitudes mais brutais, apenas reforça que está imitando “o pior de Bolsonaro”.

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