Esmael Morais: Lula consolida liderança internacional e desorganiza a direita no Brasil
O jornalista afirma que o diálogo entre Lula e o Donald Trum mostra a força diplomática do Brasil e deixa o bolsonarismo “sem rumo” no tabuleiro político
247 - O jornalista Esmael Morais, editor do portal Blog do Esmael, avaliou em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, que a recente conversa entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representa um importante movimento de fortalecimento da diplomacia brasileira e de enfraquecimento da extrema direita no país.
“O bolsonarismo errou quando apostou numa cancha internacional onde o PT e o Lula sempre jogaram há mais de cinquenta anos”, afirmou Morais.
Segundo o jornalista, a ligação entre Lula e Trump, mantida em sigilo até o momento da divulgação oficial, confirma que o governo brasileiro recuperou protagonismo nas relações exteriores e soube reposicionar o país como interlocutor global.
“O PT sempre manteve relações cordiais e diplomáticas com os partidos da social-democracia e outros atores internacionais. Isso é um ponto forte de Lula e da política externa brasileira”, disse.
“O Itamaraty é reconhecido mundialmente por sua qualidade técnica e habilidade diplomática. Essa conversa é resultado de uma construção de meio século”, destacou Morais.
Bolsonarismo “sem chão” e extrema direita fragmentada
Para o analista, a conversa amistosa entre Lula e Trump, com comunicados convergentes divulgados por ambos os governos, pegou de surpresa o bolsonarismo, que contava com o apoio de Trump para se manter relevante no cenário político.
“A extrema direita apostava que Trump viria de helicóptero a Brasília resgatar Bolsonaro da prisão domiciliar. Mas os países não têm amizade, têm interesses. E o interesse do Trump é fazer negócios com o Brasil, não salvar Bolsonaro”, ironizou.
Ele destacou que o gesto diplomático entre os dois presidentes desorganizou o campo da direita no Brasil, que enfrenta uma crise interna de lideranças. “O êxito do Lula desarticula o bolsonarismo e fragmenta o Centrão, que ficou igual biruta de aeroporto: não sabe se desembarca ou se volta a apoiar o governo”, afirmou.
Disputa entre Tarcísio, Ratinho e Caiado racha a direita
Morais explicou que, diante da fragilidade do bolsonarismo e do isolamento de Jair Bolsonaro, o campo da direita tenta costurar uma candidatura única em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas enfrenta resistências regionais.
“O Bolsonaro vai confirmar o Tarcísio, e aqui no Paraná os aliados do governador Ratinho Júnior já admitem isso. Mas o Ratinho deve concluir o mandato e talvez disputar o Senado”, disse.
O jornalista citou ainda as recentes trocas de farpas entre Ronaldo Caiado (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP) como exemplo da desordem na base conservadora. “A direita está rachando. Há uma disputa de caciques e projetos, e o êxito do governo Lula só acentua esse processo”, avaliou.
O jornalista também comentou a situação do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), que teve mantida pelo Supremo Tribunal Federal sua condição de réu por declarações contra o ministro Gilmar Mendes.
“Se condenado, o Senado pode abrir processo de cassação, o que levaria à perda do mandato e à inelegibilidade de Moro, à luz da Lei da Ficha Limpa”, explicou Morais, lembrando que Moro enfrenta dificuldades políticas e partidárias, além de isolamento dentro da própria legenda. “Moro surgiu com um discurso antipolítico e acabou sem amigos. Ele tenta reunir a extrema direita, mas tem um teto muito baixo e pode ser derrotado por uma frente ampla no segundo turno”, disse.
Faria Lima e o projeto Tarcísio
Morais avalia que o sistema financeiro e a grande mídia apostam em Tarcísio de Freitas como o nome capaz de unir o campo conservador e enfrentar Lula nas urnas, mesmo sem apoio unânime dos partidos que compõem sua base.
“A Faria Lima quer o Tarcísio. Mas Republicanos e PSD pensam em fazer deputados e senadores, não em bancar uma candidatura presidencial. O Kassab, por exemplo, acha o Lula imbatível e prefere deixar o Tarcísio disputar em 2030”, pontuou.
O jornalista prevê que, uma vez definido o nome de Tarcísio, a oposição intensificará os ataques ao governo Lula. “Depois que a direita resolver o próprio caos, virá pancadaria contra o Lula e o PT. Vai ser uma das campanhas mais cruentas da história recente”, alertou.