Globo encerra Vale Tudo exaltando SUS, educação e soberania nacional em contraste com falhas dos EUA
O diálogo entre os personagens Ivan e Bartolomeu viralizou nas redes sociais e foi interpretado como um raro discurso de soberania
247 – A TV Globo encerrou, na noite de sexta-feira (17), o remake de Vale Tudo (2025) com um dos momentos mais politicamente significativos da teledramaturgia recente. Em plena faixa de maior audiência da TV brasileira, a novela exibiu uma cena que exaltou o Sistema Único de Saúde (SUS), a educação pública, a urna eletrônica e a ciência nacional, confrontando esses avanços com as falhas estruturais dos Estados Unidos nas áreas de saúde, pesquisa e acesso social.
O diálogo entre os personagens Ivan (Renato Góes) e Bartolomeu (Luís Melo) viralizou nas redes sociais e foi interpretado como um raro discurso de soberania nacional veiculado pela emissora.
Ivan afirma:
“Se você for nos Estados Unidos e quebrar uma perna, se não tiver dinheiro pra pagar a ambulância, você não chega nem no hospital. Custa 400 dólares, 2.400 reais.”
A fala escancara a diferença entre o acesso universal garantido pelo SUS e o sistema de saúde norte-americano, marcado pelo custo elevado e pela exclusão.
Orgulho nacional e defesa de políticas públicas
Bartolomeu, como consciência crítica da trama, amplia a reflexão:
“E o nosso sistema bancário? A urna eletrônica? Isso tudo é tecnologia brasileira.”
Ele lembra ainda da pesquisa científica feita no Brasil, da produção de alimentos, da exportação agrícola, do desenvolvimento de tecnologias médicas e de um medicamento fictício que pode reverter paralisia — simbolizando a capacidade da ciência brasileira mesmo sob cortes e descrédito histórico.
O personagem conclui com uma convocação:
“O brasileiro precisa voltar a estudar o Brasil para se orgulhar desse país onde a gente vive. Educação, mais educação. Não dá mais pra gente ser o país do futuro. Tá na hora do Brasil ser o país do presente.”
Discurso de soberania em horário nobre
A cena, exibida no último capítulo, alcançou 29,8 pontos de audiência, segundo maior índice da novela. Usuários nas redes sociais interpretaram o momento como uma afirmação simbólica do valor das instituições brasileiras — especialmente o SUS, alvo de ataques durante e após a pandemia — e uma crítica direta à romantização dos modelos estrangeiros, sobretudo dos EUA.
Vale Tudo (2025) manteve o tom crítico da obra original de 1988, mas atualizou o debate para temas contemporâneos como fake news, democracia digital, elitismo, educação pública, desigualdade social e o papel do Brasil no mundo.
Cultura, política e autoestima nacional
No mesmo capítulo, Bartolomeu recorda que “o Brasil é bom em muita coisa”, citando:
- a produção de alimentos e energia limpa,
- a indústria aeronáutica,
- a música, o cinema e a publicidade,
- e o protagonismo de brasileiros nordestinos nesses setores.
Ivan responde dizendo que descobriu essas informações ao escrever seu livro dentro da prisão — outro símbolo da novela: a busca pelo conhecimento como instrumento de libertação e identidade nacional.
Um raro momento de televisão com valor político
Num país onde a mídia muitas vezes repete narrativas estrangeiras, o final de Vale Tudo foi interpretado como uma defesa do Brasil real, de suas conquistas coletivas e do papel do Estado na promoção de igualdade.
Mais do que entretenimento, a cena resgatou a ideia de que soberania é garantir direitos — saúde, voto, educação, ciência e dignidade.

