Lula: 'é possível fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada'
O presidente citou um fundo bilionário para a preservação de florestas tropicais em nível global
247 - O presidente Lula destacou a aprovação do Comunicado Conjunto em apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Proposto por iniciativa do Brasil, o mecanismo será lançado na COP30, em Belém (PA), e tem como objetivo garantir recursos de longo prazo para conservar as florestas, mobilizando investimentos públicos e privados de maneira previsível e justa. O modelo de financiamento do TFFF combina investimento público com captação de recursos no mercado privado. A ideia é mobilizar cerca de US$ 4 bilhões por ano, a serem distribuídos entre os países com florestas tropicais.
“Aprovamos hoje o Comunicado Conjunto sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, o TFFF, iniciativa que pretendemos lançar em Belém. Em um arranjo inovador, o TFFF poderá remunerar 73 países em desenvolvimento detentores de florestas tropicais pela redução do desmatamento”, afirmou Lula, em Durante declaração à imprensa após a V Cúpula de Presidentes do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), em Bogotá, na Colômbia.
No Brasil, a floresta amazônica é uma das principais beneficiadas com o projeto na área de sustentabilidade. A Amazônia Legal tem 5 milhões de quilômetros quadrados (km²), aproximadamente, e representa 59% do território brasileiro. A região engloba 9 estados - Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia, Tocantins e Maranhão.
A Cúpula de Bogotá dá continuidade à Cúpula de Belém, realizada em 2023, por iniciativa brasileira. Lula destacou que, desde lá, os países amazônicos reforçaram a cooperação regional em torno de um modelo de desenvolvimento que une proteção da floresta com inclusão social. Na Cúpula, os líderes fizeram um balanço dos compromissos assumidos na Organização do Tratado de Cooperação Amazônica e aprovaram a Declaração de Bogotá.
“Hoje, fizemos um balanço dos compromissos assumidos. Sabemos que é preciso dar respostas coletivas aos desafios compartilhados pelos oito países amazônicos”, disse o presidente brasileiro. Lula ressaltou que os países amazônicos enfrentam desafios comuns e que exigem respostas coletivas. Por isso, nos últimos dois anos, foram criadas redes intergovernamentais em áreas como gestão florestal, manejo do fogo, monitoramento das águas e serviços de saúde. “Chegaremos juntos à COP30, trazendo soluções amazônicas para a mudança do clima e a transição para um novo modelo de desenvolvimento sustentável. É possível fazer com que a floresta valha mais em pé do que derrubada.”
Lula citou a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, para fortalecer o enfrentamento ao crime organizado e aos ilícitos ambientais; e a criação do Mecanismo Amazônico dos Povos Indígenas, além da retomada dos Diálogos da Amazônia, que deram mais espaço à sociedade civil e às comunidades tradicionais.
“Sabemos da enorme responsabilidade que temos como países amazônicos. Seguiremos trabalhando juntos para evitar que a Amazônia atinja o ponto de não retorno, combater o crime organizado e garantir dignidade para as milhões de pessoas que vivem aqui.”
Preparação
O presidente fez um apelo enfático pela união dos países da região em torno da preservação do bioma amazônico e da preparação para a COP30, que acontecerá em Belém, em 2025. “Essa COP30 vai ser a COP da verdade. Será o momento em que todos terão que assumir responsabilidade e dizer claramente se acreditam ou não no que a ciência está mostrando, se reconhecem ou não as mudanças climáticas que já afetam cada país todos os dias”, afirmou o presidente brasileiro.
Em seu discurso, Lula reforçou que cabe diretamente aos países amazônicos a missão de proteger não apenas a floresta, mas sobretudo as populações que vivem nela. “Nós vamos cumprir cada compromisso que assumirmos, porque a Amazônia não é só o ‘pulmão do mundo’ ou o ‘coração do planeta’. A Amazônia pertence aos países amazônicos. Lá vivem milhões de pessoas: indígenas, pescadores, extrativistas. É nossa responsabilidade cuidar da nossa gente”, declarou.
Agenda regional e participação social
Esta foi a terceira visita de Lula à Colômbia em seu atual mandato — ele já havia estado em Letícia, em julho de 2023, e em Bogotá, em abril de 2024. Além do Brasil e do país anfitrião, a cúpula reuniu representantes de Bolívia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, que integram o tratado.Entre os temas discutidos estiveram o processo sucessório e o fortalecimento institucional da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), a aprovação de uma estratégia para uma economia sustentável na região, a revisão da agenda estratégica de cooperação amazônica e a criação de um mecanismo financeiro próprio da OTCA.
O encontro também contou com a participação de representantes da sociedade civil e de povos indígenas, e foi precedido por reuniões do Conselho de Cooperação Amazônica (CCA), em 20 de agosto, e de chanceleres, em 21 de agosto — as duas principais instâncias da organização.
Continuidade da Cúpula de Belém
A reunião em Bogotá dá sequência à Cúpula de Belém, realizada em agosto de 2023, que lançou uma agenda comum para os países amazônicos. Na ocasião, os chefes de Estado firmaram compromissos pela proteção do bioma e da bacia amazônica, pelo desenvolvimento sustentável com inclusão social, pela valorização da ciência, tecnologia e inovação, pelo estímulo à bioeconomia e pelo reconhecimento do papel central dos povos indígenas e comunidades tradicionais.
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